Thiago Fernandes de Melo Moraes tem nove passagens pela Polícia Civil do Rio por roubo, furto e falsa identidadeDivulgação
Homem com anotações por furtos e roubos é acusado de aplicar golpes em alunos da Uerj
Thiago Fernandes de Melo Moraes dizia que precisava de dinheiro para estudar, mas quando conseguia o valor abordava novos alunos com outra história
Rio - Alunos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF-Uerj) foram vítimas de um golpe aplicado por Thiago Fernandes de Melo Moraes. O homem, que possui nove passagens pela polícia do Rio por furto, roubo e falsa identidade, além de um mandado de prisão em aberto, é estudante do curso de Matemática da FEBF e abordou no início do ano alguns alunos da instituição dizendo que estava em situação de vulnerabilidade econômica e que precisava de dinheiro para conseguir ir às aulas.
Na tentativa de ajudar Thiago, o movimento social 'Geo sem Fome', da FEBF, fez uma campanha para arrecadar dinheiro para o colega de faculdade. Em dois dias, foram arrecadados pouco mais de R$ 1 mil e mobílias para a nova casa que os voluntários conseguiram para ele. Foram doados também um colchão, guarda roupa, mesa, armário de cozinha e até as compras de mercado do mês.
Veja as doações:
Lara Lima, estudante de Geografia da UERJ e coordenadora do Geo sem Fome, foi a responsável por receber as doações e o dinheiro que foi destinado a Thiago. Lesada pelo estudante, ela conta como o conheceu.
"O nosso foco é ajudar somente pessoas em situação de rua, mas quando ouvimos a história do Thiago, em que ele falava que precisava de dinheiro para conseguir ir para a faculdade estudar, nós nos sensibilizamos e resolvemos criar a campanha. Em dois dias conseguimos muita coisa. Eu, inclusive, consegui uma casa para ele em Duque de Caxias para conseguir ficar mais perto da universidade e ter menos gastos. Antes ele estava morando no abrigo Casa Dulce Seixas, que é um local para a população LGBTQIA+", lembra Lara.
Aos voluntários, Thiago dizia que sua única renda era o Auxílio Brasil e que dos R$ 600 que recebia, R$ 300 era para pagar o abrigo. Lara conta ainda que felizmente não deu o valor que arrecadado de R$ 1 mil nas mãos do suposto golpista.
"Graças a Deus eu tive o senso de não repassar diretamente o valor pra ele, então pagamos três meses de aluguel antecipado nesta nova casa nova. Nós demos a estrutura que ele precisava, mas na terça-feira (10) descobrimos que ele estava pedindo novamente dinheiro, só que dessa vez com uma outra história. Começamos a pesquisar sobre o Thiago e vimos também que ele tinha umas 13 passagens pela polícia, sendo nove só no Rio de Janeiro, a maioria por furto e golpes. Uma das prisões foi em um hostel em Copacabana em 2018", afirma Lara.
A estudante desabafa que foi uma surpresa para ela descobrir que estava sendo enganada e que Thiago havia retornado às universidades para pedir mais dinheiro. "Nessa semana ele voltou a circular em algumas faculdades para pedir dinheiro com a desculpa que havia passado para uma universidade na Bahia e que precisava de dinheiro para se mudar. Muita gente fez transferências para ele, então acreditamos que ele tenha conseguido muito dinheiro nos últimos dias. Uma pessoa me mandou mensagem mostrando um comprovante de transferência de R$ 180 para ele", diz.
Nas redes sociais, dezenas de estudantes disseram que foram lesados por Thiago e que acreditaram na história dele. "Esse cara apareceu na UFRRJ de Nova Iguaçu mês passado"; "Ele foi na UFRRJ mês passado, eu fiz pix pra ele". Uma outra aluna disse que Thiago a abordou com perguntas sobre o curso.
"Esse cara esteve na minha faculdade (Faculdade de Enfermagem da Uerj), fazendo um monte de perguntas, perguntando onde era a sala do quinto período (que é a minha turma) e chegou até a bater na minha sala durante o almoço pra saber se íamos ter aula de tarde", completou.
Unirio alertou alunos do campus de Nutrição
Na quinta-feira (12), a Unirio emitiu um comunicado para todos os alunos e professores do campus de Nutrição, a fim de alertá-los sobre a presença de um homem em "com atitudes ilícitas transitando nas dependências da Escola de Nutrição".
No comunicado, a coordenação do curso pediu atenção ao ocorrido, em especial ao acesso do homem às salas e laboratórios. "Independente do motivo dessa pessoa estar ali, precisamos ter cautela, em especial no momento delicado que estamos vivenciando. Qualquer movimentação estranha, pedimos que avisem aos seguranças o mais rápido possível. A direção da escola está em contato com a segurança e já solicitou reforços para que possamos conduzir as atividades de maneira segura", informou a universidade.
Boletim de ocorrência
Revoltada, a estudante de geografia que ajudou Thiago registrou um boletim de ocorrência online e o caso foi encaminhado para a 59ª DP (Duque de Caxias). No entanto, ela afirma que a Polícia Civil não está agindo com celeridade no caso e teme que ele consiga fugir. Um grupo de alunos da UERJ também tentam ligar para o 190 a fim de conseguir efetuar a prisão dele.
Procurada, a Polícia Civil ainda não informou se já iniciou as investigações sobre o caso. Consta contra Thiago um mandado de prisão em aberto, com validade até 2031, por um dos processos que ele responde no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
O DIA também questionou a Uerj se o aluno realmente está matriculado no curso de Matemática e se apura as acusações feitas pelos alunos.
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