A PF pretende cumprir cinco mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária de investigados nos atos antidemocráticosDivulgação

Rio- A Polícia Federal realizou uma operação, nesta segunda-feira (16), em Campos, no Norte Fluminense, para cumprir cinco mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária de investigados nos atos antidemocráticos pós segundo turno das eleições presidenciais, assim como das ações terroristas ocorridas em Brasília, em que manifestantes bolsonaristas invadiram o Congresso Nacional, Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Uma pessoa foi presa e outras duas não foram localizadas. Além disso, celulares, computadores e documentos diversos foram apreendidos.
A investigação iniciou com o fim de identificar lideranças locais que bloquearam as rodovias que transpassam o município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a organização das manifestações vistas em frente aos quartéis do Exército na cidade e, por último, a participação dos investigados e de outras lideranças na organização e financiamento dos atos que desencadearam a depredação dos prédios públicos e dos atentados contra as instituições democráticas ocorridas no início do mês.

Ainda segundo a PF, foi possível colher elementos de provas capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos. Além disso, com o cumprimento dos mandados judiciais, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, será possível identificar eventuais outros partícipes/coautores na ação.

Os crimes investigados são os constantes no art. 288 (Associação Criminosa), 359-L (Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito) e 286, parágrafo único (Incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais), todos do Código Penal.


Invasão em Brasília

No dia 8 de janeiro, manifestantes extremistas bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do STF e do Planalto. Durante a invasão, houve fachadas pichadas, móveis quebrados, obras de arte rasgadas, salas reviradas, objetos queimados e muita destruição.

No final de semana do ataque, centenas de ônibus foram até a capital do Distrito Federal levando outras milhares de pessoas. As ações estavam sendo combinadas pelas mídias sociais e, desde o resultado das eleições, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já faziam manifestações em todo Brasil pedindo intervenção militar e questionando o resultado das urnas.

Após esse ataque, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a desocupação das áreas em frente aos quartéis que estavam tomadas por bolsonaristas há cerca de dois meses.

Na ordem, Moraes determinou "a desocupação e dissolução total, em 24 horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes".

Além disso, Moraes também afastou o governador do DF, Ibaneis Rocha, por 90 dias. Há suspeitas de que houve omissão por parte do governo, uma vez que as ações já estavam sendo arquitetadas pelas mídias sociais e, portanto, já podiam ser previsíveis e evitáveis, com o reforço da segurança do local.

Desocupação de acampamentos

No Rio, bolsonaristas começaram a desmontar o acampamento golpista em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste (CML), no Centro do Rio, na manhã do dia 9. Durante a desmobilização, um fotógrafo foi agredido por manifestantes.


Faixas com dizeres antidemocráticos foram recolhidas das grades que cercavam as tendas e pallets usados no acampamento começaram a ser empilhados. De acordo com a Comlurb foram removidos 22,4 toneladas de lixo do local durante a madrugada da última quarta-feira (11). Isso porque assim que iniciou a desmobilização, na última segunda-feira (9), pedaços de madeiras, cadeiras e muitos sacos de lixo foram deixados por manifestantes que ocupavam a região por cerca de dois meses.

Desde a última semana, o local não teve mais manifestantes.