Rio - O eletrotécnico Marcelo Chaves, de 50 anos, alega que seguranças contratados pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) agrediram o seu filho na noite deste domingo (15) durante o ensaio técnico da Escola de Samba Império Serrano, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, na Zona Central do Rio.
De acordo com o pai, João Marcelo da Silva, 24, estava trabalhando dando apoio a musa Valeska Reis, quando foi impedido por seguranças de passar por um dos portões do Sambódromo o qual faziam o controle, o que gerou uma discussão.
Segundo Marcelo, os envolvidos empurraram o seu filho, o agrediram e o colocaram de cara no chão utilizando uma técnica de imobilização conhecida como "mata leão". O eletrotécnico ainda fez uma comparação com as agressões sofridas por George Floyd, assassinado por policiais em maio de 2020.
"Ele estava ali para ganhar dinheiro e ajudar a família. Agrediram o garoto de verdade. Colocaram ele de cara no chão. Eles justificaram que barraram o meu filho e que ele teria agredido os seguranças. Se o meu filho tivesse feito isso, eu ia falar que fez. Ele é um garoto do bem que está no quarto período de direito. Mesmo se tivesse feito, eles não tem direito de fazer o que fizeram porque eles não são polícia. Eles não podem colocar a mão em ninguém", disse Marcelo.
Um vídeo que o pai recebeu mostra um homem em cima de João Marcelo com a mão em seu pescoço. De acordo com Marcelo, a polícia não foi acionada por ele no momento porque ele ficou receoso de acontecer alguma coisa. Por isso, ele levou o filho para casa.
Com a cabeça mais fria, o homem contou que vai registrar o caso na delegacia e quer tomar as providências necessárias contra os suspeitos da agressão.
"Eu não fecho com o errado e nem com a mentira. Eu não fui na delegacia, mas vou. Já estou viabilizando com o meu advogado. Eu vou registrar. Não é só pelo meu filho e sim para que não aconteça com mais ninguém", completou.
Questionado, o presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, contou que recebeu essa denúncia e pediu o afastamento dos seguranças envolvidos no caso. Uma reunião com o responsável pelo setor da Liga irá acontecer nesta terça-feira (17) para debater o que aconteceu.
Liesa divulga nota de repúdio a todo e qualquer ato de violência no Carnaval
Em nota, a Liesa manifestou repúdio à violência e solidariedade a vítima. A Liga afirmou que vai apurar e afastar o integrante de segurança envolvido no caso. Confira o texto completo:
Ensaios técnicos, como todos os eventos na Sapucaí, são realizados e planejados para representarem momentos de alegria e descontração para a população. Na contramão desse espírito, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) foi informada nesta segunda, 16, a respeito de um lamentável episódio ocorrido nos treinos de domingo, 15, que deveriam ter sido marcados apenas pelo prazer de ocuparmos a Avenida mais uma vez.
Ciente das informações iniciais sobre o caso, que envolvem um relato de agressão contra um folião por um integrante da equipe de segurança que estava no Sambódromo, a Liesa vem a público repudiar todo e qualquer ato de violência no Rio Carnaval.
É inaceitável que integrantes e torcedores de escolas de samba sejam submetidos a tratamentos do tipo e, por isso, a Liesa, seu presidente Jorge Perlingeiro e seus diretores trabalharão incansavelmente nos próximos dias para afastar e punir, naquilo que compete à entidade, os profissionais da segurança que porventura estiverem envolvidos no caso. Eles não retornarão à pista de desfiles na próxima semana e nem em quaisquer outras ocasiões futuras.
No mais, a Liesa manifesta solidariedade a Marcelo Chaves e seu filho, João Marcelo, cujos relatos chegaram à entidade e servirão como base para as providências urgentes e imprescindíveis que serão tomadas a partir de agora. As escolas e sua representação não compactuam, de forma alguma, com discursos e atitudes violentas, sobretudo por parte daqueles que deveriam atuar para a melhor condução possível de nosso espetáculo.
Fica, portanto, reiterado o compromisso da liga e de seus membros com as boas práticas, a conciliação de conflitos, a segurança e a paz acima de qualquer intercurso na folia.
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