PF cumpriu dois dos três mandados de prisão contra os alvos da açãoDivulgação/Polícia Federal

Rio - A Polícia Federal prendeu, na noite desta segunda-feira (16), uma suspeita de ter financiado atos antidemocráticos e ações terroristas ocorridas em Brasília, em que manifestantes bolsonaristas invadiram o Congresso Nacional, Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), após o segundo turno das eleições presidenciais. A mulher, de 48 anos, se entregou à Delegacia da PF em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. 
A suspeita era um dos alvos da operação Ulysses, deflagrada ontem pela Polícia Federal. A ação cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e celulares, computadores e documentos diversos foram apreendidos. Haviam ainda três mandados de prisão, sendo um deles cumprido contra o subtenente do Corpo de Bombeiros, Roberto Henrique de Souza Júnior, de 52 anos. O terceiro investigado permanece foragido. 
O militar atua em Guarus, também no Norte Flumiense, e trabalha há 33 anos na profissão. Roberto Henrique foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018 e disputou pelo partido Patriota, ligado a base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob o nome de Júnior Bombeiro. Ele teve apenas 1.260 votos.
Em agosto de 2022, foi condenado por mau uso do fundo partidário já que, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio, não prestou suas contas de campanha, e por isso teve que devolver R$ 4 mil.
De acordo com a PF, a investigação pretendia identificar lideranças locais que bloquearam as rodovias que transpassam Campos; a organização das manifestações em frente aos quartéis do Exército na cidade; e a participação dos investigados e de outras lideranças na organização e financiamento dos atos que desencadearam a depredação dos prédios públicos e dos atentados contra as instituições democráticas que aconteceram em 8 de janeiro.

Ainda segundo o órgão, foi possível colher elementos de provas capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos. Além disso, com o cumprimento dos mandados judiciais, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, será possível identificar eventuais outros participantes e coautores na ação.
Invasão em Brasília
No dia 8 de janeiro, manifestantes extremistas bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do STF e do Planalto. Durante a invasão, houve fachadas pichadas, móveis quebrados, obras de arte rasgadas, salas reviradas, objetos queimados e muita destruição. No final de semana do ataque, centenas de ônibus foram até a capital do Distrito Federal levando outras milhares de pessoas.
As ações estavam sendo combinadas pelas mídias sociais e, desde o resultado das eleições, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já faziam manifestações em todo Brasil pedindo intervenção militar e questionando o resultado das urnas. Após o ataque, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a desocupação das áreas em frente aos quartéis que estavam tomadas por bolsonaristas há cerca de dois meses.

Além disso, o ministro também afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias. Há suspeitas de que houve omissão por parte do governo, uma vez que as ações já estavam sendo arquitetadas pelas mídias sociais e, portanto, já podiam ser previsíveis e evitáveis, com o reforço da segurança do local.