Primeiros vacinados no estado do Rio junto com os profissionais de saúde que realizaram a aplicação da doseEstefan Radovicz

Rio - A cidade do Rio comemora, nesta quarta-feira (18), dois anos desde o início da vacinação contra Covid-19. De acordo com o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, o panorama epidemiológico do município é considerado "confortável". Isso porque a taxa de letalidade da doença passou de 8,7% em 2020 para 0,4% em 2022.

"Hoje temos um panorama epidemiológico bastante confortável, apenas 18 pessoas estão internadas com Covid-19 na cidade do Rio. Esse é um número muito menor do que tivemos anteriormente e isso se dá a alta cobertura vacinal. Além disso, 99% dos cariocas têm duas doses da vacina e 76% têm dose de reforço, o que causa um panorama epidemiológico muito favorável", comentou o secretário.
Ainda nesta quarta-feira (18), em comemoração, se reuniram no Palácio do Catete a primeira idosa vacinada, Dona Terezinha da Conceição, 82 anos, e a enfermeira Adélia Maria dos Santos, quem aplicou a dose. Além da primeira profissional de saúde imunizada, Dulcineia da Silva Lopes, e o aplicador da vacina Ângelo Batista da Silva.
"Estou com muito saúde, paz, e olha que como só coisa pesada, mocotó, só coisa boa. Eu nem pensava que ia ver ela de novo (Adélia), eu via ela na TV e pensava 'não vejo mais essa dona'. Já tomei todas as doses", comentou dona Terezinha.
Ângelo Batista, tenente do Corpo de Bombeiros, 41 anos, comentou sobre a sensação de iniciar a aplicação da vacina. "Está lá no meio de tanta gente, no foco das atenções dá um certo receio, mas depois que você faz o que tem que fazer, administra a vacina e vê as pessoas felizes porque a vacina finalmente chegou, um momento que era tão aguardado, é sensacional", contou.
O tenente explicou que no dia da aplicação estava de plantão dentro de uma unidade da secretaria de saúde formada por bombeiros que atuam 24h em qualquer emergência de saúde pública e por isso foi escalado para realizar a aplicação. "Eu fui o responsável de sair da secretaria, fazer a recepção das vacinas no aeroporto e depois ir para Cristo Redentor fazer a aplicação", contou.

Ele reforçou ainda a importância de completar o ciclo vacinal. "O vírus sofre mutação a todo momento, então quanto mais a gente tiver nosso calendário atualizado, melhores as chances da gente enfrentar o vírus", finalizou.
Durante esses dois anos, mais de 18,5 milhões de doses foram aplicadas na cidade do Rio e quase 100% da população adulta está com pelo menos duas doses de vacina. Enquanto 90% das pessoas acima de 6 meses estão com pelo menos duas doses do imunizante. Já no Estado do Rio, são 40,5 milhões vacinados.
Dessa maneira, 89% da população fluminense acima de 12 anos está com o esquema inicial completo e, entre os maiores de 60 anos, apenas 50% já receberam o segundo reforço. Na população mais jovem, na faixa dos 18 a 40 anos, a cobertura da dose de reforço gira em torno de 20%.
"Com o início da imunização, nascia a esperança de vencermos esse vírus. Não medimos esforços e conseguimos levar a vacina para todo o território fluminense, sempre com o lema de que cada município importa. Nossa força-tarefa deu certo e a simbologia dessa data permanecerá viva em nós", ressaltou o governador Cláudio Castro.

Na capital, letalidade da doença reduziu gradativamente: 8,7% em 2020; 5,6% em 2021; 0,4% em 2022. Embora o número de casos confirmados tenha aumentado de 2020 para 2021 e 2022, o número de óbitos reduziu:

. 2020: 222,6 mil casos e 18.962 óbitos
. 2021: 309,3 mil casos e 16.321 óbitos
. 2022: 754,8 mil casos e 2.729 óbitos

Conforme a vacinação avançou para novos grupos populacionais, os números de casos graves da doença reduzia. Uma pesquisa realizada pela Fiocruz, publicada em dezembro no jornal Infectious Disease Modelling, revelou que a vacinação evitou mais de 230 mil casos de hospitalizações e mais de 43 mil mortes no estado.

"A maioria das pessoas que estão internadas não fizeram o panorama vacinal completo e quando a gente olha o panorama da cidade a gente ver que conforme a vacinação foi avançando, a taxa de óbito foi caindo, saímos de uma taxa de letalidade de Covid em 2020 de 8,7 para 0,4 e hoje temos 0,1", disse o secretário.

Nos novos picos da doença ocorridos em 2022, já com a maioria da população vacinada, os casos graves e os óbitos eram menos frequentes. No maior pico da doença em 2021, entre fevereiro e junho, com poucos grupos populacionais vacinados, chegou a haver mais de 1.300 pessoas internadas ao mesmo tempo. Em janeiro de 2022, o maior pico do ano, durou entre meados de janeiro e meados de fevereiro, chegando a no máximo cerca de 900 pessoas internadas ao mesmo tempo.
Para o infectologista, José Pozza Junior, o resultado da vacinação começou a ser visto bem no início. "Desde início quando foram fabricados os resultados da Coronavac, que inicialmente no Brasil foram usados para idosos e profissionais de saúde, a gente viu uma queda drástica no número de casos nesses dois segmentos e vimos aumento nas outras populações que inicialmente não foram contempladas com a vacina", explicou.
Segundo Pozza, o benefício da vacinação é indiscutível. "A gente já teve logo no início uma comprovação forte que a vacina já era protetora de infeção e na verdade após o desenvolvimento de outras tecnologias de vacina, mesmo que ela não protegesse 100% contra infecção, quem se infectava já vacinado apresentava quadro bem mais leve, então é indiscutível e inegável que o início da vacinação contribuiu para reduzir o número de pessoas infectadas e no segundo momento a reduzir a gravidade das pessoas que eram contaminadas pelas cepas subsequentes", finalizou.

A Secretaria Municipal de Saúde reforçou que em 2022, as pessoas internadas por quadros graves de Covid-19 eram essencialmente aquelas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto.
Nas redes sociais, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, relembrou o início da vacinação que ocorreu nos pés do Cristo Redentor no dia 18 de janeiro de 2021. 'Fé e ciência podem estar sim lado a lado", disse o prefeito.
Vacinação
A cidade ainda enfrenta alguns desafios, como avançar com a vacinação das crianças e com o reforço dos adolescentes e adultos. Isso porque cerca de um milhão de pessoas ainda não tomaram todas as suas doses de reforço. Além de monitorar constantemente sobre a introdução de novas variantes

"Esse panorama favorável não dura para sempre, depende da manutenção das doses de reforço, sabemos que a vacina perde efeito ao longo do tempo. Com o avanço da vacinação, as pessoas voltaram a poder conviver, poder se encontrar com segurança, a gente ver os idosos e todas as pessoas voltando aos seus convívios familiares e de fato protegidos pela vacina”, finalizou Soranz.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio) retomou desde o dia 9 de janeiro a aplicação da dose de reforço (DR) contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, conforme orientação do Ministério da Saúde. A aplicação da DR é destinada a todas as crianças de 5 a 11 anos que já tiverem tomado a segunda dose há quatro meses ou mais.

A vacinação contra a Covid-19 para pessoas com 12 anos ou foi retomada. A volta será possível devido à entrega de novas doses por parte do Ministério da Saúde.