Voluntários fazem busca ativa para matricular crianças na MaréDivulgação; Patrick Marinho/ Redes da Maré

Rio - Pelo segundo ano seguido, a ONG Redes da Maré está nas ruas desde esta quarta-feira (18) até o dia 23 de janeiro para realizar a pré-matrícula na rede municipal de ensino do Rio de Janeiro de quem não está matriculado, alunos novos ou estudantes que estejam fora da escola. Este ano, a campanha conta com o apoio das associações de moradores do complexo de favelas.
A diretora da ONG Andreia Martins identifica duas principais dificuldades para matrícula no bairro: falta de acesso à internet e complexidades próprias do território. Para resolver a primeiro, a campanha disponibiliza computadores, internet e apoio para a realização da pré-matrícula em diversos pontos da comunidade. Veja relação ao longo deste texto.
No mutirão, os voluntários e integrantes da Redes da Maré também vão diagnosticar as principais dificuldades da comunidade e relatar à Secretaria Municipal de Educação a fim de encaminhá-las. A ONG identificou 98 crianças que não conseguiram vagas em escolas.
"A Maré tem 46 escolas municipais, mas a distribuição ainda não é muito equânime. Tem áreas que não dispõe de algum segmento, que tem Fundamental 1, mas não tem Fundamental 2. As famílias não conseguem se deslocar por complexidades do próprio território. A Maré não tem transporte público e crianças menores não podem se deslocar por longas distâncias, por exemplo", explica Andreia. 
Para levar as crianças da Maré para escola, a Redes conta com um time de 68 voluntários e aplica a mesma metodologia bem-sucedida do "Vacina, Maré". São distribuídos panfletos com endereços e documentos necessários à inscrição. Além disso, voluntários circulam com megafone na comunidade anunciando mensagens como essa: "Você conhece alguma criança fora da escola? Hoje é dia de fazer matrícula".
Nos oito espaço de atendimento voluntários ajudam na navegação do site e organizam filas. Mães, pais, avós, tios e responsáveis têm internet disponível e orientação para o preenchimento do pedido da vaga que deve ser feito online pelo site www.matricula.rio ou no aplicativo Rioeduca em Casa. As matrículas podem ser feitas da pré-escola até a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O atendimento funciona de quarta a segunda-feira, das 10h às 17h, inclusive no feriado (20) e no fim de semana.
Confira os pontos de apoio:

Prédio Central da Redes (Rua Sargento Silva Nunes, 1012 - Nova Holanda)

Sede Redes da Maré na Vila dos Pinheiros (CIEP Ministro Gustavo Capanema - Via A1, s/nº)

As Associações de Moradores vão funcionar todos os dias, exceto no feriado do dia 20/01, das 10h às 17h. A única que não abrirá no fim de semana é a do Conjunto Esperança:

Associação de Moradores da Nova Holanda (Rua Tancredo Neves, s/nº)

Associação de Moradores do Parque União (Rua Ary Leão, 33)

Associação de Moradores de Marcílio Dias (Av. Lobo Júnior, 83, Penha Circular)

Associação de Moradores do Conjunto Bento Ribeiro Dantas (Av. Bento Ribeiro Dantas, s/nº)

Associação de Moradores do Conjunto Esperança (Rua Manoel Falcão A. Maranhão, 133-215)

Associação de Moradores de Rubens Vaz (Rua João Araújo, 117)

Associação de Moradores de Roquete Pinto (Rua Ouricuri, 135)
No ano passado, foram realizadas 102 matrículas de novos alunos. Este ano, a expectativa é que o número seja maior, com o aumento dos pontos de atendimento presencial às famílias. Após a pré-matrícula realizada on-line, as famílias precisam confirmar a vaga indo na escola onde seu filho ou filha vai estudar.
Projeto Busca Ativa

A campanha para a matrícula de estudantes na Maré é uma ação do projeto Busca Ativa de alunos fora da escola e infrequentes, realizado pela Redes da Maré, com apoio do Fundo Malala no Brasil. Desde janeiro de 2021, uma equipe com seis articuladoras circula pelas 16 comunidades da Maré à procura de estudantes fora das salas de aula. O objetivo é fazer a ponte para que voltem a estudar, buscando vaga por vaga junto às escolas da região, com apoio das redes municipal e estadual de ensino.
A diretora Andreia Martins espera que este ano a campanha consiga matricular mais alunos. Isso porque as associações de moradores também estão participando do mutirão, o que aumenta a divulgação e os pontos de apoio.
"O espaço físico das associações facilita para os moradores. Essa parceria possibilita que mais famílias tenham acesso à campanha. Acaba mobilizando mais ter os presidentes com a gente. Eles divulgam e também identificam crianças fora da escola. Cria uma mobilização na Maré. A gente consegue mais pessoas", explica.
As articuladoras identificam os problemas que levaram a criança ou o adolescente a deixarem a escola ou até mesmo nunca terem sido matriculados. A partir daí, tem início um trabalho de articulação territorial para que sejam acionadas redes de apoio locais e equipamentos públicos de educação, saúde e assistência social.

No processo, a articuladora responsável faz o acompanhamento regular dos estudantes, visitando as famílias ou se comunicando com elas por telefone. Em dois anos de trabalho, são 1.447 crianças e adolescentes cadastrados, e 3.331 acompanhamentos. Por outro lado, 98 crianças e adolescentes até hoje estão fora da escola por falta de vagas. Daí a importância ainda maior do apoio massivo à pré-matrícula de alunos novos.