Familiares da jovem Thalita Coutinho, de 22 anos, estiveram no IML para reconhecimento do corpoMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - "O BRT, infelizmente, é uma tragédia anunciada", lamenta Kérzio Rodriges, tio de Thalita Coutinho, de 22 anos, que morreu ao cair do BRT na Estação da Taquara, que seguia no sentido Barra da Tijuca, na Zona Oeste, neste domingo (22). Familiares da vítima estiveram no Instituto Médico Legal (IML) nesta segunda-feira (23) para fazer o reconhecimento do corpo.

Para Kérzio, o acidente só aconteceu por conta da porta do ônibus articulado estar aberta com o veículo já em movimento. "Nós contestamos essa versão porque se ela fosse saltar, é porque que o ônibus estava de porta aberta e em movimento. Por que o ônibus vai estar de porta aberta em movimento se ele só trafega com a porta fechada? Isso não acontece no trem, lá só trafega com porta fechada, fecha as portas, depois ele prossegue. Se isso acontecesse com o BRT, pode ter certeza, minha sobrinha não teria morrido, outras pessoas também não teriam morrido, porque ela não é a primeira", falou.

Para a família, a menina pulou sim para tentar pegar o ônibus, mas só fez isso porque a porta do veículo estava aberta. No momento do acidente, a jovem estava a caminho do trabalho. Além disso, o tio fez um desabafo sobre a perda precoce. Além disso, Kérzio falou da desorganização nos transportes públicos.

"Eu quero deixar esse anúncio aqui, compartilhar essa dor que a gente está vivendo com a família, até para que a gente corra atrás dos nossos direitos. É direito a gente ter segurança para ir trabalhar, porque nós estamos trabalhando, não estamos brincando, precisamos de um transporte adequado, que nos leve com segurança ao trabalho e nos traga de volta. Pois a passagem já aumentou mas a gente não vê a mudança nos transportes. A Mobi-Rio tem que olhar mais para isso, tem que olhar mais para o ser humano que trafega no BRT".

Nas redes sociais, testemunhas relataram a tentativa de embarque da vítima. "Ela tentou pular para dentro do BRT em movimento quando passava pela Estação da Taquara e acabou caindo no vão entre o articulado e a plataforma. Após a queda, ela não conseguiu mais levantar, perdeu muito sangue e estava agonizando de dor", contou um internauta.

Em seu relato, Kérzio ainda falou sobre a falta que a jovem vai fazer para a sua família. "A Thalita era um amor de pessoa, era nossa amiga. Estava alegre, estava trabalhando, ela sempre quis ter a sua independência, sempre quis trabalhar quando completasse a maior idade. Ela era muito inteligente, era uma ótima desenhista, era uma musicista de mão cheia. Tecladista, baixista, cantora. Tudo que ela botava a mão para fazer, fazia bem".

O tio da vítima assumiu que os pais de Thalita estão em choque com ocorrido e, por conta disso, é ele quem está resolvendo todas as questões da liberação do corpo. Ele também lamentou não ter mais a sobrinha para momentos em família.

"Ela tinha talento e agora a gente não vai mais poder tocar junto, a gente não vai mais poder adorar a Deus junto. Isso é triste, a gente não tem mais a minha sobrinha. Ela era filha da minha irmã, minha irmã está em choque, meu cunhado também".
O sepultamento de Thalita será realizado nesta terça-feira (24), às 14h30 no Cemitério de Irajá, na Zona Norte. O velório está marcado para às 10h, na capela B - Nossa Senhora da Apresentação.

De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na 32ª DP (Taquara). A perícia foi feita no local e imagens de câmeras de segurança foram solicitadas. Agentes ouviram o motorista do veículo e realizam outras diligências para apurar as circunstâncias da morte.

A Mobi-Rio foi procurada para responder questionamentos sobre as alegações de familiares da vítima. Veja a nota:

"Conforme os registros das câmeras da estação, a passageira infelizmente tentou embarcar correndo em um articulado quando o veículo já estava em movimento saindo da estação e acabou caindo na calha. A Mobi- Rio informa ainda que as imagens serão entregues às autoridades policiais quando solicitadas."