Polícia Civil investiga possível caso de racismo em shopping de NiteróiDivulgação

Rio - Policiais da 81ª DP (Itaipu) buscam imagens de câmeras de segurança para apurar se menino de 9 anos sofreu racismo em shopping de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, no último sábado (21). De acordo com a ocorrência, registrada pela mãe da criança, o menino foi expulso do Shopping Multicenter Itaipu, Região Oceânica de Niterói, por estar descalço. O funcionário será ouvido na distrital, assim como testemunhas.
A administração do centro comercial informou que tomou ciência do caso através de um registro comercial do SAC e que abriu um procedimento interno para verificar os fatos descritos. Disse ainda que o estabelecimento "adota e respeita as normativas de proteção dos direitos da criança conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, assim como também repudia toda e qualquer forma de discriminação".
Em entrevista ao RJTV, a mãe da criança, identificada como Ataise Andrade, disse que eles haviam saído de um projeto social oferecido para crianças e adolescentes no Morro da Boa Esperança, comunidade próxima ao shopping, e que entraram para fazer compras. A mulher contou ainda que não presenciou a cena, mas o filho, coagido, disse que foi intimidado pelo segurança.
O Conselho Tutelar de Niterói está acompanhando a família do menino. A investigação está em andamento na 81ª DP (Itaipu).
Mais um caso de racismo contra criança envolvendo segurança
Se confirmado o crime, o caso deste menino de 9 anos não será uma situação isolada. No início de janeiro, a mãe de uma criança de 11 anos também denunciou que a filha e uma amiga, da mesma idade, ambas negras, foram vítimas de racismo por um segurança de uma papelaria em Niterói. O caso aconteceu no dia 6 de janeiro. Segundo Jaiane dos Santos, a filha estava escolhendo o material escolar dentro da papelaria Tid's, localizada no Centro de Niterói, junto com a amiga, quando percebeu que elas estavam sendo seguidas por um segurança.
Ao se aproximar do funcionário, ela o questionou se ele estava suspeitando que a criança estivesse furtando a papelaria. Diante da afirmativa, Jaiane disse a ele que as duas crianças estavam com ela e que estavam apenas escolhendo itens para o início do ano letivo.
"Ela passou agora para o sexto ano letivo e é uma criança muito entusiasmada. Deixei ela à vontade para escolher as coisinhas dela e logo depois a chamei pra ver as mochilas. Enquanto via as bolsas, ela se encantou com um caderno inteligente e ficou olhando. Foi quando eu vi um segurança falando no rádio: "Elas já saíram do setor da lapiseira e estão no setor das agendas". Quando ele ia abordar elas, eu parei ele e foi quando eu tive certeza", desabada Jaiane.
A mãe da menina conta ainda que chegou a pedir as imagens das câmeras de segurança para ver se elas realmente tinham tentado furtar algo. "Eu fiquei bem nervosa e pedi para falar com o gerente. Para a minha surpresa, o gerente também era negro. Pensei que ele ia se solidarizar comigo, mas aconteceu ao contrário. Eu fiquei muito frustrada", diz.
Jaiane registrou o caso na especializada no dia 16 de janeiro. Devido ao ocorrido, a menina iniciará tratamento psicológico. Além disso, todo o material escolar da filha teve de ser comprado pela internet. "Ela disse que agora tem medo do segurança".