Willian confessou o crime e não demonstrou remorso durante depoimento na delegaciaDivulgação

Rio - O comerciante Willian Hottz da Silva, de 32 anos, já tinha feito várias ameaças contra a farmacêutica Yasminny Couto Ribeiro, de 28 anos, antes de matá-la a tiros, em Sumidouro, na última quinta-feira. A vítima alega em um dos registros de ocorrência, feito em 2019, que estava sendo perseguida pelo ex-companheiro, que afirmou que ela iria “pagar caro” pelo término do relacionamento. O casal ficou junto por nove anos, mas o namoro chegou ao fim em outubro de 2019.
Um mês antes, Yasminny fez o primeiro registro contra Willian. O segundo foi feito apenas dois meses depois, em novembro. Ela alega ter sofrido difamação e ameaça. Willian teria dito ainda que Yasminny pagaria caro pelo término do namoro e ameaçou também uma amiga da vítima, afirmando que não teria “nada a perder”, e que, se fosse preso, seria “preso feliz”.
A farmacêutica voltou a registrar ocorrência contra Willian em maio de 2020, através da delegacia on-line. Na ocasião, relata que Willian teria descumprido a medida protetiva, conseguida em novembro do ano anterior, e que seguia com as ameaças, deixando “claro” que não pararia: “Estou há 7 meses com temeridade em ocorrer algo comigo e com meu pai, que é um senhor de 69 anos”, relatou a vítima na denúncia.
Yasminny foi morta na última quinta-feira na porta de casa, no bairro Campinas, em Sumidouro, na Região Serrana do Rio, por volta das 20h. De acordo com a polícia, o comerciante se escondeu no quintal da vítima e esperou ela chegar na residência para matá-la com quatro tiros no rosto. Em seguida, ele fugiu para um clube de propriedade de sua família, que fica ao lado do local do crime. Ele guardou a arma e um casaco no local, mas foi encontrado pouco depois por policiais militares.
Polícia acredita que o crime foi premeditado
O ex-namorado confessou o crime e foi preso pouco depois. A polícia acredita que Willian premeditou o crime. No sábado, após audiência de custódia, teve a prisão convertida em preventiva. De acordo com o juiz Rafael de Almeida Rezende, a liberdade de Willian nesta fase processual poderia prejudicar a aquisição de provas, “sobretudo diante da probabilidade de vir a influenciar negativamente o depoimento das testemunhas”.
“A gravidade em concreto do delito demonstra a periculosidade do custodiado e a necessidade da prisão para resguardar a ordem pública. Destaca-se que o custodiado disparou contra o rosto da vítima repetidas vezes, o que aumenta a reprovabilidade de sua conduta”, disse o juiz Rafael de Almeida Rezende na decisão que converteu a prisão do comerciante.
O magistrado ainda destaca que Willian tem um perfil agressivo. Em sua ficha de antecedentes criminais, ele tem registros por ameaças, difamação e violência doméstica, o que corroborou para a conversão da prisão. Ao todo, ele é autor de crimes em nove procedimentos policiais.
Yasminny sofreu pelos menos quatro ameaças do ex-namorado antes de ser assassinada

Yasminny havia inaugurado sua própria farmácia no bairro onde vive há pouco mais de seis meses Reprodução/Redes Sociais

Willian foi encontrado chegando em casa de moto por policiais 30º BPM. A arma usada no crime foi encontrada escondida num poço. Levado para a delegacia para prestar esclarecimentos, o comerciante demonstrou nervosismo e inconsistência no depoimento. Imagens de câmeras de segurança mostram a fuga de Willian e contribuíram para a investigação. No vídeo, o assassino aparecia de casaco, correndo por um córrego até sua moto após o crime.

Logo após as apreensões, Willian confessou o crime, alegando um surto decorrente de depressão, em razão do término do relacionamento com Yasminny. Segundo a polícia, ele “não demonstrou remorso”. Yasminny foi enterrada na última sexta-feira, no cemitério municipal de Sumidouro.