Suspeito de mandar matar mulher grávida em Campos teria pedido R$ 16 mil para vítima no dia do crime
Diogo Viola de Nadai, que mantinha relação estável com a vítima, está preso desde terça-feira (7)
Letycia Peixoto, grávida de 8 meses, ao lado do companheiro Diogo Viola de Nadai, suspeito de ser o mandante da morte da gestante - Reprodução/Redes sociais
Letycia Peixoto, grávida de 8 meses, ao lado do companheiro Diogo Viola de Nadai, suspeito de ser o mandante da morte da gestanteReprodução/Redes sociais
Rio - O professor Diogo Viola de Nadai, preso nesta terça-feira (7) suspeito de mandar matar Letycia Peixoto Fonseca, grávida de oito meses, teria pedido R$ 16 mil para a vítima no dia do crime com o objetivo de pagar dívidas de sua loja. A informação foi passada pela mãe da vítima aos investigadores da 134ª DP (Campos dos Goytacazes) e considerada pelo juiz Adonis Henrique Silva Ambrósio Vieira que aceitou o pedido de prisão temporária contra o homem.
Segundo o depoimento de Cíntia Pessanha Peixoto Fonseca, mãe de Letycia, o suspeito pediu o empréstimo para a vítima, mas recebeu uma resposta negativa. Por isso, ele teria ido buscar o dinheiro com outra pessoa.
"A declarante (mãe de Letycia) se recorda que no dia do crime, ou seja, dia 02/03/2023, na hora do almoço, a Letycia comentou que o Diogo pediu para que ela fizesse um empréstimo no valor de R$ 16.000,00 em nome dela, para que ele pudesse pagar as dívidas, mas ela negou, então ele disse que iria conseguir com um amigo. (...) Que a declarante sempre achou que o Diogo agia com falsidade nas atitudes relacionas à gravidez", informa um trecho da decisão.
Cíntia, que também foi baleada no dia do crime, revelou aos policiais que o homem costumava deixar boletos atrasados em cima da mesa, o que incomodava Letycia. Diogo também não estaria se importando com o bebê, que seria filho dele.
Diante de todas as informações, o juiz Adonis julgou que o professor tem um elevado grau de periculosidade e determinou a prisão temporária do suspeito.
"Sendo, supostamente, o autor intelectual e mandante do homicídio, Diogo demonstra elevado grau de periculosidade, além de ostentar poder de interferência direta nas investigações, inclusive por seu poder aquisitivo e posição como empresário nesta Comarca (Campos)", destacou o magistrado.
Investigação
A delegada Natália Patrão informou, nesta quarta-feira (8), que a investigação sobre o caso está sob sigilo. No momento, os agentes estão analisando os dados do celular do suspeito após a quebra do sigilo telefônico. Até o momento, cinco pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no crime.
Depois de ser preso nesta terça-feira (7), Diogo ficou em silêncio na delegacia e não se pronunciou. Ele era casado legalmente com uma outra mulher, moradora de Campos, mas mantinha uma união estável com Letycia.
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No entanto, no seu primeiro depoimento, logo depois do crime, o professor do Instituto Federal Fluminense, afirmou não conhecer os homens que participaram da execução. A delegada do caso, Natália Patrão, trabalha com a suposição de o crime ter mais de um mandante, sendo Diogo um deles. Ela afirmou ainda que não foram encontrados dinheiro e arma em posse dos presos.
Para a Polícia Civil, o crime foi premeditado e que a hipótese de motivação foi passional. Imagens mostram que o suspeito de ser o mandante do crime estava no enterro da companheira e do filho e chegou a segurar o caixão do filho momentos antes de enterrar.
Relembre o caso
Letycia, de 31 anos, grávida de oito meses, foi assassinada a tiros na noite da última quinta-feira (2) em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, depois de chegar do trabalho por volta das 21h30. Ela conversava com a mãe, em frente ao portão de casa, quando foi surpreendida por dois criminosos em uma moto. Os médicos conseguiram realizar o parto e o bebê nasceu, mas ele também não resistiu horas depois.
Imagens gravadas pelo sistema de segurança de uma casa vizinha mostram dois homens, ambos de capacete e blusa de frio, se aproximando do carro e disparando cinco vezes contra Letycia, que foi atingida na face, duas vezes no tórax, no ombro e na mão esquerda.
No momento em que os bandidos estavam fugindo, a mãe da vítima tentou segurar um dos criminosos, chegando a se atracar com ele, e acabou sendo atingida na perna esquerda.
Letycia foi levada para o Hospital Municipal Ferreira Machado, no Centro, mas não resistiu aos ferimentos. Os médicos conseguiram realizar o parto do bebê, que foi encaminhado em estado grave ao Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficiência de Campos. A mãe da gestante recebeu atendimento, realizou exames e já teve alta.
O recém-nascido, que veio ao mundo com 30 semanas de gestação e pesando 1.725kg, foi transferido em estado crítico para a UTI Neo Natal "em anóxia severa, constatando o velamento do pulmão esquerdo, insuficiência respiratória, distúrbio de perfusão e bradicardia", segundo a unidade.
Ainda de acordo com o hospital, foram realizadas todas as manobras necessárias para salvá-lo, porém o bebê não resistiu e teve a morte confirmada às 8h desta sexta-feira (3).
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