Operação no Complexo da Penha teve trocas de tiros desde a madrugada, com apreensões de drogas e carros e motos roubados apreendidos dentro da comunidade. Foto: Pedro Ivo/ Agência O DiaPedro Ivo/ Agência O Dia

Rio - Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte, foram acordados por um intenso confronto na madrugada desta terça-feira (16). Com apoio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) realizou uma operação para localizar bandidos e lideranças de facções de outros estados escondidos na comunidade. Entre os alvos estão suspeitos de envolvimento na tentativa de assalto a uma agência bancária da Ilha do Governador, na última semana. Ao todo, um homem foi preso e drogas foram apreendidas. Os agentes também mapearam e levantaram informações de inteligência. 
De acordo com relatos, um morador foi baleado dentro de casa durante o confronto. Em áudios que circulam nas redes sociais e que foram atribuídos a ele, o homem se identifica como músico integrante da roda de samba do Pelé e diz que foi atingido e que chegou a perder sangue, mas que estava com medo de sair de casa e ser confundido com criminosos pela polícia. Fábio Gomes, de 42 anos, conseguiu ser socorrido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas e, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), apresenta quadro clínico estável.
"Eu estou dentro de casa, levantei para ir ao banheiro e quando eu voltava para o meu quarto, eu tomei um tiro no braço. Eu não sei se a bala está alojada ou foi de raspão, eu sei que eu perdi sangue, tentei fazer um torniquete no braço (...) Eu preciso saber como é que eu faço, porque eu moro sozinho e eu estou com medo de sair e eles acharem que eu sou bandido e fazerem qualquer coisa comigo, mas eu preciso de ajuda", relatou o músico.
O Fogo Cruzado e o Onde Tem Tiroteio informaram que os disparos tiveram início por volta das 4h e, segundo as plataformas, ainda havia registro de troca de tiros na manhã de hoje. Nas redes sociais, moradores se queixaram da violência e compartilharam imagens do intenso confronto. Em um vídeo, é possível ver diversas viaturas do Bope a caminho da comunidade. Confira abaixo. "Café da manhã na Penha hoje foi bala", ironizou um. "4h da manhã e os tiros já estavam 'comendo solto' aqui no meu país Penha", relatou outro. "Complexo da Penha acordou em baixo de tiro, já virou rotina, infelizmente!", lamentou mais um. "Nunca ouvi tanto tiro aqui na Penha igual ouvi essa madrugada", disse um comentário. "Não se pode morar na Penha e ter paz", desabafou um internauta.
A vereadora e presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal do Rio, Monica Cunha (PSOL), também usou as redes sociais para comentar a operação na comunidade. "Bom dia pra quem? O galo tentou cantar, mas foram os cães que latiram na Penha. Noite de terror com muitos tiros no Complexo. Até quando essa guerra aos pobres e pretos custará as noites mal dormidas do nosso povo trabalhador?", questionou a parlamentar. 
A Secretaria Municipal de Educação do Rio (SME) informou que, por conta da operação, 13 unidades escolares de rede foram impactadas, afetando 4.621 alunos. Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que as Clínicas da Família Valter Felisbino de Souza e Aloysio Augusto Novis mantêm o atendimento à população, mas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas. 
Polícia Civil impediu roubo a banco no Cocotá
Na última quinta-feira (11), 11 criminosos foram presos por explodir uma agência da Caixa Econômica Federal da Rua Capitão Barbosa, na Praia de Olaria, no Cocotá. A quadrilha não conseguiu levar nenhuma quantia do banco, porque foi interceptada no momento do ataque. Em um vídeo da ocasião, é possível ver um clarão, o barulho de uma explosão e, segundos depois, vários disparos são ouvidos, seguidos de outros dois estrondos e uma luz forte, e mais tiros. Confira abaixo.
O grupo já vinha sendo monitorado e a suspeita da Draco é de que 30 criminosos estiveram envolvidos na tentativa de roubo. A maior parte dos presos na ação faz parte do Comando Vermelho de outros estados, sendo eles Bahia, Minas Gerais, Paraíba e São Paulo, mas o ataque foi planejado por integrantes da facção no Rio de Janeiro. Os criminosos também já haviam participado de outros assaltos a bancos das regiões de onde vieram, além de terem praticado crimes junto com quadrilhas fluminenses.