Em novo depoimento, Victor Meyniel confirmou integralmente o que foi dito na primeira oitivaBruno Kaiuca/Agência O DIA
Rio - A Polícia Civil indiciou o porteiro Gilmar José Agostini por omissão de socorro, por não ter interferido ou pedido ajuda para Victor Meyniel, 26, enquanto ele era agredido por Yuri de Moura Alexandre, 29. As investigações foram concluídas nesta sexta-feira (8) e o estudante de medicina vai responder por lesão corporal, injúria por atos homofóbicos e falsidade ideológica pelo ataque contra o ator. O crime aconteceu no dia 2 de setembro, em um prédio da Rua Siqueira Campos, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Enquanto Yuri está preso desde o episódio e teve a prisão convertida em preventiva, o porteiro vai responder em liberdade. Imagens gravadas pelo circuito de segurança do prédio mostram que o agressor joga Victor no chão e distribui socos contra ele. Nesse momento, Gilmar observa a cena sem intervir ou prestar socorro. Em depoimento, o síndico do prédio o defendeu, alegando ser uma pessoa simplória, que tem medo das coisas, diabético e que cuida do irmão que está internado. O funcionário teria ainda o interfonado para relatar a briga na portaria e dito que o estudante era o autor das agressões.
Segundo Ricardo Brajterman, advogado do ator, eles se conheceram na noite de sexta-feira (1º), na boate SubStation e, após a festa, foram para o apartamento do agressor. No dia seguinte, pela manhã, Yuri expulsou Victor e iniciou as agressões. Ainda de acordo com o delegado, no depoimento de ontem, a vítima confirmou integralmente o que foi dito no anterior. O artista também afirmou que acredita não ter sido incoveniente com a amiga que divide o imóvel com o acusado. Em depoimento, Karina de Assis Carvalho, 30, disse que ele foi retirado depois de a ter importunado.
A médica disse ainda que Victor teria ameaçado Yuri, dizendo que ele não sabia quem o ator era e que sua vida nunca mais seria a mesma, e se recusava a ir embora, forçando a porta do elevador. Apesar da declaração, o delegado informou que não há provas da importunação e que nada justifica a brutalidade das agressões. "A Polícia Civil concluiu a investigação e já remeteu todos os elementos que foram produzidos após o flagrante à Justiça, e nada se alterou no panorama fático pelo depoimento prestado pela amiga do agressor", disse o delegado João Valentim.
Ainda de acordo com o delegado titular da 12ª DP (Copacabana), os depoimentos confirmaram o crime de injúria por homofobia. "Não vamos ouvir mais ninguém, com as pessoas que foram ouvidas já foi o suficiente pra deixar claro que houve sim um ato homofobico. As lesões foram praticadas por uma intolerância por conta da repulsa de ter sido chancelado de gay. O MP deve se manifestar nos próximos dias", complementou.
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