Veículo em que as vítimas estavam foi alvo de disparos na noite de ontemReprodução/Redes Sociais

Rio - Dois baleados por PMs em uma perseguição em São Cristóvão, na Zona Norte, são investigados por diferentes crimes. De acordo com a Polícia Civil, o carro alvejado pelos agentes na noite desta quarta-feira (25) foi utilizado em um assalto a um estabelecimento no município de Itaguaí, na Região Metropolitana do estado, há cerca de um mês.
João Victor Andrade de Oliveira, de 22 anos, tem 10 anotações criminais por estelionato, furto, formação de quadrilha e extorsão. Ele chegou a ser preso duas vezes, mas deixou o presídio no fim do ano passado. Internado sob custódia no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, ele foi baleado na perna e tem quadro clínico considerado estável.
Prima de João Victor, Nívea Ághata Fernandes, de 24 anos, é investigada por envolvimento em um roubo a uma loja em Itaguaí. Ela teria emprestado o veículo para o namorado, que o utilizou para assaltar o estabelecimento. O caso está sendo investigado pela 50ª DP (Itaguaí). De acordo com familiares, Nívea está internada em estado grave no Hospital Quinta d'Or, em São Cristóvão, com uma bala alojada na cabeça.
Yasmin dos Santos, de 18 anos, mulher de João Victor e que está grávida, não possui antecedentes criminais. Ela foi autuada em flagrante por roubo e encaminhada a um presídio feminino.
A perseguição aconteceu depois que agentes da UPP Barreira do Vasco receberam a informação de que ocupantes de um carro do modelo Cobalt branco teriam roubado celulares em São Cristóvão. Os militares suspeitaram de um veículo Ônix prata e atiraram, acertando João Victor, Nívea e Yasmin. De acordo com a PM, quatro celulares sem chip, uma touca ninja, três relógios e um rádio comunicador foram apreendidos. A advogada de Yasmin, no entanto, acredita que o material possa ter sido plantado no interior do veículo. O caso está sendo investigado pela 17ª DP (São Cristóvão).
Os policiais que atiraram contra os suspeitos foram presos por tentativa de homicídio. Nesta quinta-feira, o Tribunal de Justiça converteu a prisão deles em preventiva. De acordo com a decisão, os agentes William de Castro Valladão, André Luís da Silva Rodrigues e Bruno Batista Gama alvejaram o veículo sem ter certeza de que os ocupantes estavam envolvidos em crimes e sem saber se um algum deles estava armado. Além disso, as vítimas do roubo não reconheceram o trio como os assaltantes.
"Cabe salientar que as vítimas do roubo não reconheceram os ocupantes do ônix como autores do roubo, tampouco reconheceram o veículo como aquele que foi utilizado no crime. [...]. Há indícios de que os disparos foram efetuados contra um veículo sem se ter certeza de que estava de fato envolvido no crime de roubo ou que algum dos seus ocupantes estivesse armado. Como observou a autoridade policial em sua decisão do flagrante, não foi localizado nenhum armamento no interior do veículo ou na posse de qualquer dos ocupantes", diz a decisão.
Em nota, a PM informou que o 1º Comando de Policiamento de Área (1ºCPA) "apura as circunstâncias da abordagem policial realizada por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora Barreira do Vasco (UPP/Bareira) com apoio do 4° BPM (São Cristóvão)" e um procedimento foi instaurado para averiguar a conduta dos agentes envolvidos na ação. A corporação disse ainda que a Corregedoria acompanha os trâmites do caso e colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil.
Os envolvidos serão matriculados de forma compulsória no Programa Integrado de Capacitação Profissional (PICP), que aprimora o treinamento de policiais militares.