Seap diz à Justiça que tentou contato por e-mail antes da soltura de miliciano, mas não foi respondida
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma auditoria para apurar a data e a hora que o mandado de prisão de Peterson Luiz de Almeida foi inserido no Banco Nacional de Mandados de Prisão
Miliciano Peterson Luiz de Almeida saiu pela porta da frente do presídio José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio
- Pedro Ivo / Agência O Dia
Miliciano Peterson Luiz de Almeida saiu pela porta da frente do presídio José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio
Pedro Ivo / Agência O Dia
Rio - A Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro respondeu ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), na tarde desta quarta-feira (1º), sobre as circunstâncias da soltura, indevida, do miliciano Peterson Luiz de Almeida, vulgo 'Pet' ou 'Flamengo', um dos líderes da milícia do grupo de Zinho. A pasta, que tinha até 48 horas para enviar o esclarecimento, reforçou a versão apresentada inicialmente e disse que Peterson foi liberado porque não constava nenhum pedido de prisão em aberto contra ele.
fotogaleria
Na resposta ao TJRJ, a Seap alegou que tentou contato por e-mail com a 1ª Vara Criminal Especializada ORCRIM da capital no dia 25 de setembro, no entanto, não obteve resposta. Em seguida, foi realizada uma busca no site da Justiça do Rio, mas o fato do processo tramitar em segredo de Justiça impossibilitou a conclusão da pesquisa. Por fim, ainda na resposta encaminhada ao órgão, a secretaria afirmou ter feito uma consulta ao Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça (BNMP/CNJ) que, até às 21h de segunda-feira (30), não sinalizava a decisão. As afirmações foram comprovadas com prints de telas e documentos guardados pela Seap durante o processo de buscas.
Diante de uma possível falha, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma auditoria para apurar a data e a hora que o mandado de prisão de Peterson foi inserido no BNMP. O Ministério Público do Rio (MPRJ) também instaurou um inquérito civil para apurar o caso.
Seap fez alerta sobre fim do prazo de prisão temporária
Com a aproximação do fim do prazo de prisão temporária, a Seap informou que, em 25 de setembro, enviou pelo e-mail de uso regular entre os órgãos, um alerta sobre a situação do miliciano, "no qual sinalizava sobre a importância de uma decisão de conversão para prisão preventiva do custodiado, tendo em vista o seu histórico e a relação com o grupo responsável pelos episódios recentes de violência na cidade", explicou a Seap.
O que diz o TJRJ
O Tribunal de Justiça do Rio informou nesta terça-feira (31), que "Peterson estava no Presídio José Frederico Marques. A informação passada pela Seap ao oficial de justiça que foi intimá-lo da prisão preventiva é de que o acusado foi posto em liberdade no dia 29/10".
Relembre o caso
Pet foi preso em 30 de agosto, em uma ação da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco/MPRJ). No domingo (29), o miliciano saiu pela porta da frente do Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte. Na terça-feira (31), o TJRJ expediu outro mandado de prisão contra Peterson.
"Manda todo oficial de justiça ou autoridade policial competente a que for apresentado este mandado, a prisão e o recolhimento penal da pessoa abaixo indicada e qualificada. A pessoa presa deve ser imediatamente apresentada à autoridade judicial que determinou a expedição da ordem de custódia", diz um trecho da decisão.
No pedido, a magistrada informa ainda que a pena prevista para Peterson é de 10 anos. "Regressão na forma de execução da pena privativa de liberdade, com a transferência para regime mais rigoroso - Semiaberto, pelo prazo de 10 anos, 1 mês e 15 dias", disse.
A participação de Peterson na milícia foi revelada a partir da continuidade das investigações sobre o grupo criminoso, cujos líderes foram alvos da Operação Dinastia, deflagrada em agosto de 2022. Ele foi denunciado pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo.
De acordo com a denúncia, Peterson negociava armas de fogo e planejava execuções de criminosos rivais, tudo em prol do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como 'Zinho', que sucedeu Wellington da Silva Braga, o 'Ecko', depois de sua morte. O Gaeco aponta, ainda, ligações de Peterson com o também miliciano Rodrigo dos Santos, conhecido como 'Latrell' e com o miliciano Matheus Rezende, o 'Faustão', morto em 23 de outubro deste ano.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.