Religiosos curtem Dia Nacional da Umbanda com música e festaManuella Viégas / Agência O Dia
Representatividade, fé e muita música marcam celebração pelo Dia Nacional da Umbanda em Cascadura
Nem o forte calor impediu religiosos de comemorar a data, que teve homenagens e shows
Rio – O Dia Nacional da Umbanda foi comemorado com muita festa na cidade do Rio e na Região Metropolitana. Diversos eventos celebraram os 115 anos da religião de matriz africana, nascida em São Gonçalo. Um dos maiores, o Umbanda Rio, aconteceu no Clube dos Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica, em Cascadura, na Zona Norte, ao longo desta quarta-feira (15).
O calor não desanimou os religiosos que marcaram presença na festa, que estava lotada. Quem esteve no evento celebrou a importância da data e o significado que ela traz. Ao DIA, Jorge Luis Garritano, um dos organizadores do Umbanda Rio, enalteceu os fundamentos ao pedir por respeito.
"Esse evento é importante para a gente conquistar espaço e mostrar que existe vida do lado de fora das igrejas. Que existe vida onde a gente professa a nossa fé, sem precisar ser banido, sem sofrer intolerância. Esse é um movimento de fundamental importância que mostra a nossa resistência. Aqui são pessoas de bem, que querem o bem. A nossa maior filosofia é a manifestação do espírito pela prática da caridade", conta.
O produtor cultural e líder religioso Diego Dom Malandro, de 33 anos, celebrou a importância do evento, o qual participa desde 2015, e falou sobre os fundamentos.
"É um símbolo para reconquistar espaços e trazer a memória relativa que foi do preconceito contra as religiões de matriz africana, reafirmando que o espaço pode ser de liberdade, de comunhão e de união com todos. A nossa religião diz o que: amor, paz, união e festas, na festa é onde acontece a união e hoje é um dia de todos estarem de mãos dadas comemorando o dia da umbanda".
Para a cozinheira Angela Coutinho, de 48 anos, que cresceu na umbanda, mas migrou para o candomblé há 20 anos, a data serve para proclamar a união entre as religiões de matriz africana.
"A alegria do religioso, umbandista, candomblecista, é muito forte. A fé e energia são muito boas. Há 20 anos eu sou do candomblé. Eu saí da umbanda, mas ela não saiu de mim. As pessoas precisam se unir para se tornarem mais forte, porque os protestantes, ou seja lá quem for, são mega unidos e a gente não é tanto. É o momento de um sorrir para o outro, cumprimentar e se conhecer", pediu.
Pai Wilson de Xangô, de 54 anos, que esteve pela terceira vez na festa, ressaltou a representatividade. "A nossa religião não é somente a questão da religiosidade, mas também é uma cultura onde a gente apresenta toda a história do povo é africano, dessa reunião que reflete bastante no nosso povo brasileiro. As nossas raízes negras são o verdadeiro evento".
A artesã Fátima Moraes, de 60 anos, levou sua barraca de artes em gesso, vidro e MDF e festejou. "As pessoas acham que o espiritismo é maldade e não é. A umbanda é paz e amor. É muito importante o respeito".
O Umbanda Rio teve início às 11h e seguiu ao longo do dia com muita festa e alegria. Com muitas barracas de comida e artigos religiosos, o evento contou com shows de Arlindinho, padrinho da edição de 2023, Ito Melodia, Vozes dos Terreiros, Macumbloco e Convidados, Grupo Saravô e Juliana D Passos.
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