Geysa Leal Corrêa foi condenada a prestação de serviços e pagamento de um salário-mínimo por morte de pacienteReprodução/Redes Sociais

Rio - A médica investigada pela morte de Aline Heloísa Lima Santos, de 38 anos, após uma lipoaspiração é ré em outros oito processos por erro médico no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). A cirurgiã Geysa Leal Corrêa já era alvo de inquérito pela morte da advogada Silvia de Oliveira Martins, 40, em setembro deste ano, e condenada pelo homicídio culposo (sem intenção de matar) da pedagoga Adriana Ferreira Capitão Pinto, 41 anos, em 2018; ambas pacientes realizaram procedimentos cirúrgicos. 
Dados do TJRJ apontam que os processos foram movidos entre os anos de 2010 e 2021, na esfera Cível, com pedidos de indenização por danos morais e materiais. Dois dos processos são de autoria de Luiz Fernando Capitão Pinto e parentes da pedagoga que morreu em 2018. Os demais são de autoria de mulheres. As ações tramitam nas comarcas regionais do Méier, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, na capital; na Comarca de Niterói, na Região Metropolitana; e na de Magé, na Baixada Fluminense. Pelo menos dois já foram arquvidos e um tem mandado de pagamento.
Em 2022, Geysa foi condenada a dois anos de prisão pela morte de Adriana, após uma lipoaspiração feita em uma clínica em Niterói, na Região Metropolitana. Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), a médica, que possuía especialidade em otorrinolaringologia na época, "deixou de observar o dever objetivo de cuidado que lhe era exigível e, agindo com inobservância das regras técnicas de profissão, com manifesta imperícia e negligência, deu causa à morte de Adriana".
A juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine condenou a médica a dois anos de prisão, mas substituiu a sua detenção com duas penas restritivas de direito, sendo uma com prestação de serviços à comunidade de uma hora por dia de condenação, e outra pelo pagamento de um salário-mínimo vigente à época da morte. A médica ainda pode recorrer da decisão junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mortes em 2023
O caso mais recente envolvendo a cirurgiã aconteceu em 13 de novembro, quando Aline Heloísa foi submetida a uma lipoaspiração em uma clínica particular de São Gonçalo, na Região Metropolitana. Um dia após o procedimento, a mulher começou a se sentir dores e foi internada em uma unidade de saúde do município. A vítima teria tido o intestino perfurado durante a cirurgia, gerando uma infecção generalizada, que provocou sua morte, no último dia 22. O caso é investigado pela 72ª DP (São Gonçalo), os envolvidos já foram intimados a prestar esclarecimentos e os agentes requisitaram laudos periciais e exames para análise. 
De acordo com a defesa da médica, não há nexo de causalidade entre a intercorrência sofrida pela paciente e atuação de Geysa. O advogado Lymark Kamaroff afirmou que Aline fez todos os exames pré-operatórios e não foi identificada contraindicação para o procedimento. Ele ainda lamentou a morte da mulher, que destacou como uma fatalidade. "Infelizmente intercorrências cirúrgicas podem ocorrer. Ao que consta, a paciente foi vitimada por uma fatalidade, que nada tem a ver com qualquer falha da profissional, mas que maiores detalhes só poderão ser fornecidos, quando tivermos mais informações sobre o caso", apontou. 
Já em 17 setembro, Silvia, conhecida por advogar para o MC Poze do Rodo, morreu vítima de choque hemorrágico, devido a um tromboembolismo pulmonar provocado por uma lipoaspiração. Dois dias antes da morte, Silvia Olly, como era chamada por amigos, realizou o procedimento em uma clínica particular em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. No dia seguinte, horas após ter recebido alta, foi levada para o Hospital Oeste D'or, em Campo Grande, na Zona Oeste, onde ficou internada, mas não resistiu. 
Na ocasião, Geysa usou as redes sociais para se defender das acusações e alegou que a morte de Silvia foi um "fato médico" e não tem relação direta com a cirurgia em si. Segundo a médica, a lipoaspiração ocorreu sem intercorrência e a paciente recebeu acompanhamento até depois do procedimento, além de terem sido realizados exames pré-operatórios. Ela ainda rebateu críticas sobre o caso dizendo que a vítima era uma advogada de sucesso e sabia dos riscos que o procedimento poderia causar. À época, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar os fatos.