Antônio Carlos Nascimento Lima, 35, foi morto a tiros no Morro da CovancaReprodução/Redes Sociais
Mototaxista morto em tiroteio no Morro da Covanca é sepultado na Baixada
Antônio Carlos Nascimento Lima, de 35 anos, realizava uma entrega no momento em que foi baleado durante uma operação na comunidade
Rio - O mototaxista Antônio Carlos Nascimento Lima, de 35 anos, foi enterrado no fim da tarde desta terça-feira (5), no Cemitério Tanque do Anil, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele foi morto enquanto fazia uma entrega no Morro da Covanca, na Zona Oeste do Rio, nesta segunda-feira.
Pouco antes de ser baleado durante um tiroteio na comunidade, Antônio Carlos enviou mensagens para sua mulher, Patrícia Nascimento, avisando sobre a situação. O mototaxista diz que "a bala 'tá' comendo" e a companheira pede para que ele saia do local. Em seguida, o marido envia uma foto da uma viatura da Polícia Militar, que realizava uma operação na comunidade.
Nas redes sociais, Patrícia lamentou a morte do companheiro. "Ainda sem acreditar que perdi você, que não vamos viver tudo que sonhamos, que arrancaram você de nós. Só agradeço por você ter me mostrado que existia amor de verdade. Com você, vivi os melhores e mais lindos anos da minha vida. Passe o tempo que for, meu amor, você estará aqui dentro do meu coração. Olha pela nossa família aí de cima e obrigado por ter me presenteado com o nosso príncipe. Saiba que ele já tem e terá muito orgulho do pai que você foi", desabafou.
Na manhã desta terça-feira, familiares de Antônio estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberar o corpo. Segundo Telma Conceição Lima, de 60 anos, tia da vítima, o mototaxista foi baleado por policiais militares.
"Foi um baque. Eu tinha acabado de chegar do trabalho quando fiquei sabendo da tragédia. Ele foi levar a encomenda, desceu com a encomenda, estava tirando foto para mostrar no aplicativo do Uber quando aconteceu. Quando ele virou para a polícia, a polícia atirou nele. Foi covardia, podia ter chegado nele, perguntado do que estava tirando foto, não fazer o que fizeram. Foi muita covardia, deixou um filho de 6 anos. Infelizmente, vai ficar por isso, porque não vão resolver nada. Por mais que a gente 'dê parte', vai ficar por isso mesmo", lamentou a tia.
Segundo o sogro Wagner José de Freitas, 62 anos, Antônio Carlos costumava a realizar corridas apenas na Baixada Fluminense, mas, desempregado há três meses, tentava juntar dinheiro para a formatura do filho, na próxima sexta-feira (8).
"Eu acho que ele fez essa corrida porque o netinho da minha esposa ia fazer uma formatura e ele estava precisando de dinheiro. Por isso, a gente acredita que ele foi lá para pegar esse dinheiro, porque era uma viagem mais longa, para poder ajudar na formutara do filho dele e, infelizmente, aconteceu isso. A gente não está culpando ninguém, polícia ou bandido, eu sei que ele tomou um tiro e a gente não sabe de onde veio, quem foi. Eu acho que Justiça tem que descobrir, ir a fundo para descobrir o que, de fato, aconteceu".
A Polícia Militar informou que o 18º BPM (Jacarepaguá) foi verificar denúncias na comunidade e, durante as buscas, as equipes foram atacadas a tiros por criminosos, iniciando um confronto. Na troca de tiros, quatro suspeitos foram baleados e socorridos para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Posteriormente, os PMs foram acionados para a Estrada da Covanca, onde um homem morto foi encontrado. A ação apreendeu três fuzis, uma granada, um rádio comunicador e drogas. Os outros baleados também morreram.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso. "A perícia foi realizada no local e diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime", comunicou a Polícia Civil.
Procurada, a Uber afirmou que "lamenta profundamente que cidadãos sejam vítimas da violência urbana que permeia nossa sociedade" e que prestam toda a solidariedade à família. "A empresa segue à disposição das autoridades, nos termos da lei."
O mototaxista deixa a esposa, com quem era casado há cerca de oito anos, além de um filho de 6 anos e uma enteada de 13.
"Ele vai deixar saudades porque era um rapaz muito bom. Ele vivia do trabalho para casa. Não era nem aquele rapaz de estar pelas ruas. Ficava em casa, jogava videogame, via futebol. Para mim, era um excelente genro, exemplar, trabalhador, sustentava a família (...) Isso é muito triste porque a pessoa luta tanto para viver honestamente, para trabalhar, sai para trabalhar e não sabe se vai voltar, não tem segurança nenhuma", afirmou Wagner.
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