Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinícius da Silva Braga respondem pela morte do ator Jeff MachadoReprodução / Reprodução

Rio - O Tribunal de Justiça (TJRJ) realiza, nesta segunda-feira (11), mais uma audiência de instrução e julgamento dos réus pela morte de Jeff Machado. O ator desapareceu em janeiro deste ano e teve o corpo encontrado dentro de um baú enterrado e concretado, em maio. A sessão está prevista para começar a partir das 13h, na 1ª Vara Criminal da Capital. O produtor Bruno de Souza Rodrigues responde por oito crimes e o garoto de programa Jeander Vinicius da Silva Braga por três.
De acordo com o TJRJ, cinco testemunhas foram intimadas para prestar depoimento. A sessão dará prosseguimento de outra audiência de instrução, que aconteceu em outubro. Na ocasião, prestaram depoimento o inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros da Polícia Civil Igor Rodrigues Bello, a mãe e o irmão do ator, Maria das Dores Estevam e Diego Machado Costa, respectivamente.
A expectativa é que sejam ouvidos na audiência Bárbara Mendes, vizinha da casa onde o corpo de Jeff foi encontrado, Bruno Brum, ex-morador do imóvel do ator em Campo Grande, Leandro Mota, cadastrado na linha telefônica usada por Bruno para se passar por produtor de TV. Patrícia Moura, dona do canil que vendeu oito cachorros para Jeff, e Rosana da Silva, dona da casa alugada por Bruno para enterrar o corpo.
De acordo com o advogado da família do ator, Jairo Magalhães, ao todo, foram convocadas 19 testemunhas, sendo 18 delas pelo Ministério Público do Rio e outra indicada pela defesa.
Relembre o caso
O inquérito da morte de Jeff foi concluído em julho pela DDPA e indiciou Bruno por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e por impossibilidade de defesa da vítima; ocultação de cadáver; estelionato e tentativa de estelionato; furto; invasão de dispositivo informático; maus-tratos a animais e falsa identidade. Já Jeander por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e por impossibilidade de defesa da vítima; ocultação de cadáver e maus-tratos a animais.
De acordo com as investigações da especializada, o ator foi morto em 23 de janeiro e, no dia 27 seguinte, seu desaparecimento foi registrado, depois que familiares e amigos estranharam a falta de informações e contatos feitos por ele. A Polícia Civil conseguiu identificar a participação do produtor e do garoto de programa no crime e, junto com o MPRJ representaram pelas prisões, que foram decretadas pela Justiça do Rio e cumpridas em junho.
O inquérito apontou que o acusado dizia ser produtor de uma emissora de televisão e prometeu um papel em uma novela para Jeff, que pagou R$ 25 mil para conseguir a vaga. O ator não percebeu que estava sendo enganado e, por não conseguir mais manter a farsa, Bruno decidiu matá-lo. Segundo a DDPA, a vítima foi morta por motivo fútil, estrangulada com um fio de telefone, após ser dopada e asfixiada. O corpo foi transportado por Jeander para uma casa em Campo Grande, alugada por Bruno em dezembro de 2022, exclusivamente para ocultar o cadáver da vítima.
Ainda de acordo com as investigações, o corpo foi colocado em um baú do próprio ator, enterrado a dois metros de profundidade e coberto de concreto. Jeander também foi o responsável por abrir o buraco onde o objeto com o cadáver foi sepultado. Para encobrir o assassinato, Bruno usou o celular do artista e se passou por ele para manter contato com a mãe e amigos, além de ter feito publicações falsas em suas redes sociais.
Após o assassinato, os oito cachorros de Jeff foram levados para um centro espírita, no bairro Palmares, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde ficaram em condições de maus-tratos físicos e psicológicos. Depois, os animais foram abandonados na rua, o que despertou atenção dos parentes e amigos da vítima.
O responsável pelo local é o terceiro indiciado no inquérito e não foi preso. Bruno tentou vender o carro de Jeff e fez compras com seu cartões, no total de R$ 7 mil. O produtor e o garoto de programa ainda furtaram telefones, notebook, jaquetas de couro e uma televisão do ator.
Jeander foi preso em 2 de junho, em Santíssimo, na Zona Oeste, durante uma ação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros que tentou prender os então suspeitos pelo crime. Já Bruno permaneceu foragido até o dia 15 do mesmo mês, quando foi preso pela Polícia Militar, em um hostel no Morro do Vidigal, Zona Sul, em uma operação conjunta com a Polícia Civil. O produtor ficou escondido no local por cinco dias, usando nome falso, e se preparava para fugir mais uma vez, ao perceber a movimentação dos agentes. Após passarem por audiência de custódia, a Justiça decidiu manter a prisão dos dois autores.