Adeptos jogam flores ao marFoto: Renan Areias / Agência O Dia
Para os adeptos de religiões de matriz africana, Iemanjá, originária da tradição Iorubá da Nigéria, é uma divindade com natureza protetora e maternal. Nas praias do litoral brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro, adeptos e simpatizantes se reúnem todos os anos para agradecer pelo ano que passou e pedir bênçãos para o ano que se inicia. As oferendas, que incluem flores, velas, champanhe, manjar, melão, entre outros, são lançadas ao mar como um gesto de gratidão e reverência.
O ritual no Réveillon tem um significado especial em Copacabana, um dos locais mais icônicos do Rio. Segundo o babalorixá Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que o famoso Réveillon de Copacabana tem suas raízes nas práticas dos seguidores de religiões afro-brasileiras. Até meados dos anos 1990, a celebração era marcada por pessoas que compartilhavam alimentos e faziam oferendas a Iemanjá.
A transformação do evento começou em 1987, com a iniciativa do antigo Hotel Le Méridien (hoje Hotel Hilton) de realizar uma queima de fogos. Esse espetáculo pirotécnico se tornaria uma característica permanente do Réveillon carioca, atraindo atenção mundial e solidificando a posição da cidade como um dos principais destinos para as celebrações de Ano Novo. Com o tempo, a festa popular, que tinha raízes nas tradições umbandistas, ganhou novos contornos, misturando-se com elementos mais comerciais e turísticos.
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