Na foto, a comerciante Eva, que denunciou ter sofrido racismo na unidade do mercado Extra, do Largo do MachadoReprodução/Redes Sociais
De acordo com o advogado Rogério Gomes, uma testemunha também deve ser ouvida na delegacia para relatar o caso. "Estamos ingressando com um requerimento, pedido de aditamento pro delegado retificar o registro de ocorrência como acusação de furto, e estamos arrolando uma testemunha", explicou.
Gomes pretende voltar à delegacia ainda nesta terça-feira (9) para checar se já foram solicitadas imagens de câmeras de segurança e o depoimento dos funcionários do estabelecimento. "Vamos tomar todas as medidas cabíveis objetivando a reparação por danos morais", disse.
Entenda o caso
Eva contou ao DIA que entrou no mercado para ver se encontrava camarão e após encontrar o produto, resolveu comprá-lo quando passasse novamente pela unidade para que o alimento não descongelasse. "Quando eu estava do lado de fora, veio um segurança e dois homens correndo atrás de mim na rua. Me perguntaram: 'senhora, não esqueceu de pagar nada não?'. Eu falei que não e pediram para abrir minha bolsa porque viram eu furtar um leite. Eu falei que eles não iam abrir minha bolsa e liguei para o meu advogado", contou.
A comerciante ainda revelou que nenhum supervisor ou gerente foi acionado para suporte e que os funcionários envolvidos no episódio teriam tentado convencê-la a não registrar o caso, oferecendo produtos que ela quisesse levar para casa.
Na delegacia, Eva contou também que um inspetor foi resistente em registrar o caso. "Eu só consegui fazer o boletim de ocorrência quando o meu advogado chegou. Ele perguntou: 'cadê as outras partes envolvidas?'. Ninguém tinha encaminhado ninguém. Isso ia se declarar um flagrante de racismo e falsa acusação de roubo. Meu advogado conseguiu registrar o B.O, mas o inspetor colocou como fato átipico", completou.
Eva tem uma loja de quentinhas e também trabalha há mais de 13 anos vendendo acarajé no Renascença Clube.
Procurado, o Mercado Extra informou que "a rede repudia veementemente quaisquer atitudes discriminatórias e tem o respeito e a inclusão como valores e compromissos inegociáveis, em alinhamento ao que determina seu Código de Ética e sua Política de Diversidade, Inclusão e Direitos Humanos".
Ainda em nota, a rede esclareceu que abriu um processo interno para apurar o caso. "Sobre o relatado, a rede informa que não está em conformidade com as políticas e valores da companhia e que iniciou um processo de apuração interna assim que tomou conhecimento. A rede se mantém à disposição da cliente e das autoridades para o apoio e esclarecimentos que forem necessários", completou a nota.
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