Manifestantes estavam com cartazes que pediam justiçaPedro Ivo / Agência O Dia

Rio- Familiares do adolescente Paulo Victor Vieira de Souza, de 16 anos, que foi sequestrado, no último domingo (14), realizaram um protesto na porta da 38ª DP (Brás de Pina), nesta quarta-feira (17). Cartazes com pedidos de justiça foram estendidos pelos manifestantes. O jovem foi levado por criminosos armados próximo à estação de trem do bairro, na Zona Norte do Rio. Segundo a polícia, dois suspeitos já foram identificados. 
Em entrevista ao DIA, o irmão do adolescente, Marcelo Victor de Oliveira, de 29 anos, informou que o objetivo do protesto é conseguir mais informações sobre o caso. "A gente ainda não sabe nada da polícia, estamos aqui tentando mais informações. A gente só sabe que ele foi levado pro Complexo da Penha e estamos tentando conseguir alguma resposta logo. Não vamos desistir, a gente não vai parar enquanto não encontrarmos ele, temos esperança de que ele está vivo", disse. 
Abalada com o desaparecimento do filho, a costureira Célia Regina de Oliveira, chegou a desmaiar na porta da distrital. Brincalhão, bobo e carinhoso, foi assim que a mãe do adolescente o definiu. "Meu filho chupa chupeta, dorme com a mãe, me ajuda em casa, nunca teve problema na escola, só elogio, todo mundo gosta dele. Não bebe, não fuma, é um menino muito inteligente. Ele tem sonho de entrar no quartel e ser mecânico, ele não pode ver um carro com defeito que quer consertar", contou. 
De acordo com Célia Regina, no domingo (14), o jovem estava com os amigos brincando em um valão depois do temporal que atingiu o Rio e ela havia ido na escola em que ele estuda para pegar um colchão, já que perdeu muitos móveis com a enchente. "Quando eu voltei, meu filho não tava em casa. Um amigo tinha chamado ele pra esse festival de pipa e ele foi soltar em cima da estação. Os amigos viram o que aconteceu e não falaram nada, correram e foram embora. No dia seguinte, eu comecei a ligar pra todo mundo porque fiquei nervosa, pra casa das primas, dos tios, mas nada. Fui na casa desse amigo que tava com ele soltando pipa e ele me disse que o meu filho tinha ido pra casa. Depois que pressionamos, ele falou o que tinha acontecido", explicou. 
Imagens de câmeras de segurança mostram bandidos armados se aproximando em motocicletas e cercando o adolescente. Em seguida, ele é obrigado a descer as escadas da estação e subir na garupa de um dos veículos usados pelos criminosos. Enquanto um homem dirige, outro sequestrador segura o pescoço da vítima e aponta uma arma na altura de sua cintura.
Célia Regina disse, ainda, que recebeu a informação de que o filho está vivo e no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. No entanto, o relato não foi confirmado pela Polícia Civil. Segundo a corporação, dois dos quatro criminosos que sequestraram o menino já foram identificados. 
Além do adolescente, também foram sequestrados o entregador Wagner Motta Neves, de 33 anos, em 4 de janeiro, e Wagner Santana Vieira, de 36 anos, em 8 do mesmo mês, quando visitava familiares no bairro. No último dia 10, o corpo do segundo foi encontrado por policiais militares, às margens de um rio, na localidade do Cantinho da Ponte, na Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A identificação da vítima foi confirmada nesta terça-feira (16).
A região registrou três sequestros em 10 dias, nas proximidades da favela do Quitungo, e a suspeita é de que o mesmo grupo criminoso da comunidade seja responsável pelos desaparecimentos. De acordo com o delegado titular, Flávio Rodrigues, a principal linha de investigação é de que eles tenham sido levados pelos bandidos devido a um acerto de contas de grupos criminosos, porque as vítimas moravam ou integravam o tráfico de drogas de favelas dominadas por facções rivais. Entretanto, não há confirmação de que elas tenham envolvimento com o crime organizado.