Lúcia Monteiro teve a casa interditada pela Defesa Civil após um deslizamento de terra, em Santa TeresaArmando Paiva
Mulher tem casa interditada pela Defesa Civil após deslizamento em Santa Teresa: 'desesperador'
Lúcia Monteiro, de 50 anos, precisou deixar sua residência e, desde domingo (21), está morando com amigos; segundo ela, a Prefeitura do Rio não toma providência para contornar a situação
Rio - Durante o temporal da madrugada do último domingo (21), um deslizamento de terra invadiu a casa de Lúcia Monteiro, de 50 anos, em Santa Teresa, na Zona Central. Após o incidente, a Defesa Civil interditou o imóvel e, desde então, o órgão não toma providências para contornar a situação, segundo a mulher. A gerente de loja precisou deixar sua residência e está morando com amigos.
Lúcia contou que foi surpreendida enquanto estava dormindo. "Por volta das 2h, acordei com dois barulhos muito altos: um parecia trovoada e o outro foi da minha janela de vidro quebrando. Quando eu levantei da cama e fui para a sala, o barranco já tinha descido na minha casa", relatou, em entrevista ao DIA.
O DIA apurou que a construção que caiu sobre a casa de Lúcia durante o deslizamento foi erguida de forma irregular. A estrutura chegou a ser denunciada na 7ª DP (Santa Teresa), no dia 27 de outubro de 2023. De acordo com a Polícia Civil, o registro "trata-se de uma medida assecuratória de direito futuro. A parte interessada deve entrar com ação de demolição, pois não há aspecto criminal".
Com a voz embargada, a mulher falou sobre o desespero que passou. "Procurava a chave e não achava. Só peguei minha bolsa, duas mudas de roupa e fui embora. No domingo de manhã, comecei a pensar melhor e chamei o Corpo de Bombeiros".
Às 11h15, o Quartel Central foi acionado para atender Lúcia, na Rua Padre Miguelinho. De acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas durante o deslizamento de terra e a Defesa Civil Municipal foi chamada.
"Eles olharam e interditaram. Estou sem ir para casa. A Defesa Civil interditou e ninguém vai lá para resolver desde domingo. Ficam falando que vão fazer uma vistoria, mas nunca vieram. Estão esperando o pior acontecer. A situação é grave", afirmou Lúcia, angustiada de não poder retornar à sua residência.
Na manhã desta quarta-feira (24), o DIA esteve no local e flagrou um cenário desastroso, com escombros espalhados pela sala da casa. Segundo a Defesa Civil, uma equipe compareceu ao endereço e foi embora depois de uma avaliação estrutural. "Estiveram aqui, mas sem sucesso. Não me falaram e nem me deram nada", contou.
Procurada, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE) ainda não respondeu sobre a situação da casa irregular que desabou. O espaço segue aberto para manifestação
Temporal causou estragos na cidade
A forte chuva que atingiu o Rio na madrugada do último domingo alagou ruas e 85 sirenes precisaram ser acionadas em 54 comunidades. A cidade entrou no Estágio 3, às 2h50, por conta dos altos registros de chuva dentro do período de uma hora.
Entre domingo e segunda (22), segundo o Centro de Operações Rio (COR), 49 bolsões d'água foram registrados, além de três deslizamentos de terra e sete quedas de árvores. O Corpo de Bombeiros realizou mais de 70 atendimentos relacionados às chuvas, a maioria referente a salvamentos de pessoas, inundações e alagamentos.
O show da cantora Pitty, no Morro da Urca, na Zona Sul, precisou ser interrompido por conta do temporal. Os bondinhos do Pão de Açúcar pararam de circular e algumas pessoas ficaram presas aguardando liberação.
No final de semana do último dia 13, um temporal deixou 12 pessoas mortas e duas desaparecidas. A capital e cidades da Baixada Fluminense foram as regiões mais atingidas pelas fortes chuvas. Os bombeiros trabalharam no atendimento às emergências e no socorro às vítimas, onde foram registradas mais de 400 ocorrências.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini
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