Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Larissa Vulcão Reprodução / Redes Sociais

 Rio - A diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Larissa Vulcão, que denunciou ter sido vítima de racismo por funcionários da companhia aérea Gol, na manhã desta quarta-feira (31), terá que retornar a Brasília para registrar o caso em sede policial. O caso teria acontecido durante o embarque no Aeroporto Internacional de Brasília com destino ao Galeão, na Zona Norte do Rio. Segundo a vítima, ela foi informada que a ocorrência só pode ser feita dentro do território em que ocorreu o crime.
Ainda não há previsão para a data de retorno, no entanto, Larissa afirmou que pensar em voltar está sendo muito doloroso. "Estou sendo exposta a uma possibilidade de passar por isso de novo. Tá sendo muito difícil, que justiça é essa que me coloca na posição de poder passar novamente por mais uma situação agressiva e violenta?", questionou em entrevista ao DIA.
Segundo o relato de Larissa, os funcionários da empresa questionaram se as bagagens eram realmente dela. A diretora da UNE afirmou ainda que os funcionários suspeitaram que estivesse carregando algum material ilícito, mesmo já tendo passado pelo raio-x. Uma integrante do movimento Levante Popular da Juventude, que acompanhava a vítima no momento da abordagem, disse que os profissionais agiram de forma agressiva e não prestaram assistência, mesmo após a denúncia realizada ainda dentro do avião. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a ativista aparece de pé no corredor da aeronave relatando aos passageiros o ocorrido.
De acordo com a diretora da UNE, além de precisar retornar a Brasília, ela também vai ter que arcar com os custos da viagem. Com isso, Larissa optou por pedir doações para pagar as passagens para ela e o advogado. "A gente tá fazendo de tudo para que eu consiga ter condições financeiras para voltar, mas preciso de doações porque a passagem não é barata e provavelmente vou pagar a do advogado também. Nós somos um movimento social, então, temos dificuldades financeiras", explicou. As doações podem ser feitas através do PIX: levanteserj@gmail.com.
Larissa também agradeceu pelas contribuições e mensagens de apoio que tem recebido. "Sou muito grata pelas contribuições de todos os companheiros que estão me ajudando e mandando mensagem preocupados comigo. Agradeço do fundo do meu coração por darem visibilidade a esse caso. A gente não pode deixar e não pode silenciar mais um caso de racismo que acontece nessa sociedade e nesses espaços", ressaltou.
Questionada, a companhia aérea lamentou o ocorrido e informou que a área de atendimento ao cliente tentou contato com a vítima, mas ainda não obteve retorno. Disse, ainda, que o Comitê de Ética da empresa já está apurando o caso internamente com a seriedade devida. A empresa afirmou que, por não compactuar com qualquer forma de racismo, já é signatária do Pacto Racial desde 2021, também aderiu em novembro de 2023 ao Pacto Global da ONU e tornou-se embaixadora do Movimento Raça é Prioridade, que integra a Estratégia Ambição 2030 do Pacto Global da ONU no Brasil. Segundo a Gol, a prioridade neste momento, é ouvir a cliente para esclarecer o ocorrido.