Casa onde morava a criança com a família em JaperiReginaldo Pimenta/Agência O DIA
O avô reforçou que os vizinhos ficaram horas realizando o resgate usando as mãos na tentativa de salvar a criança. Neste meio tempo, a irmã gêmea da vítima também estava na casa, mas conseguiu ser socorrida a tempo.
"Teve gente que chegou aqui 22h, de mochila nas costas, depois de passar horas no trem, e começou a ajudar, na unha. Só tivemos um funcionário da prefeitura aqui até 4h, que não é candidato, eu creio que meu neto estaria vivo se tivesse um resgate maior. Quando a gente retirou ele daqui, ele estava com vida", contou.
José explicou também que o Corpo de Bombeiros chegou no local assim que os vizinhos conseguiram tirar o menino dos escombros. "O bombeiro chegou e fez a reanimação, ele voltou a respirar, mas no caminho do hospital, na ambulância do Samu, ele sofreu outra parada cardíaca, mas eu acho que se a gente tivesse suporte melhor o governo de Japeri talvez ele estivesse vivo. É triste! É doloroso!", lamentou.
Na casa, moravam o menino e a irmã, junto com os pais. No momento do desabamento, a avó da mãe da criança também estava na casa, mas saiu a tempo. O avô, mora mais embaixo, na mesma rua, e também teve o imóvel afetado, uma parede desabou e ele e a família se preparavam para se abrir na casa do filho.
"Com toda a chuva, reunimos a família pra vir pra cá, mas já tínhamos 3 adultos e duas crianças na casa no momento do acontecimento. A casa estava em perfeito estado, tudo aconteceu como uma tragédia natural, não estamos aqui para culpar ‘a, b ou c’, mas estamos aqui para culpar a ineficiência de resgate! A Defesa Civil chegou aqui sem uma pá, sem uma enxada, desesperados, e o povo arrancando com a mão, lama e entulho", contou.
Em relação a irmã gêmea do menino, o avô acredita que ela está viva graças a um milagre. "A menina resgatamos com a lama na metade do corpo, ela só machucou o pé mas tá bem, na glória de Deus! Seriam 10 vítimas aqui dentro. Poderia ser eu, minha esposa, meu filho…", lamentou emocionado.
"Tive um incidente aqui em casa, mas antes eu presenciei o daqui do lado que teve a fatalidade, mas graças a Deus conseguimos resgatar a avó, o tio, e outra criança que estava soterrada, mas por uma fatalidade ficou a outra criança. Ficamos na luta por três horas tentando, chovendo e nada de Defesa Civil, nada de bombeiros, nada de ninguém aparecer. Foi a gente com nossas forças, orando a Deus. Dizem que a criança faleceu não pela queda mas pelo gás, porque o vazamento estava muito forte", lamentou.
Por sorte, Marlon saiu de casa com a mulher momentos antes do imóvel também ser atingido. "Estourou a parede da cozinha, quebrou meu fogão e os eletrodomésticos. Eu vi os relatos de quando começou a descer devagarinho, minha mulher estava fazendo comida, e foi só a gente sair que desabafou a do lado, quando a gente voltou teve a nossa, mas graças a Deus não aconteceu nada com a gente. A gente ficou na varanda com os portões abertos porque a gente tinha noção que estava descendo, e tiramos todo mundo que beirava o valão", contou.
O caso aconteceu na Rua do Mocambo, no local conhecido como 'Favelinha' em Japeri. Durante a manhã desta quinta (22), os familiares e amigos estiveram próximo a casa. A mãe das crianças, visivelmente abalada, também esteve no local.
O que diz a Prefeitura de Japeri
A Prefeitura de Japeri informou que a Defesa Civil do município esteve no local durante o desabamento e ajudou no resgate das famílias e das crianças. Além de acompanhar a chegada dos bombeiros. Um dos funcionários ainda foi com a família da vítima até a UPA de Queimados.
"O Secretário de Defesa Civil estava no local e foi ele quem entregou o menino para o Corpo de Bombeiros. Durante todo o período de chuvas, outra equipe estava no bairro da Chacrinha com a vítima do outro desabamento. Durante toda a madrugada, a Secretaria de Obras e Serviços Públicos e outros órgãos do governo também estiveram nas ruas, já que foram muitos os episódios e chamados dos moradores", disse em nota.
A Prefeitura informou ainda que está desde as chuvas do dia 13 de janeiro cadastrando famílias em programas sociais, abrigando famílias, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Trabalho. No momento, a cidade está com abrigos em escolas. No total, há 21 pessoas desabrigadas.
Só nas últimas 24 horas, o Corpo de Bombeiros foi acionado para 137 ocorrências em todo o Estado. A operação para resposta às chuvas conta com o empenho de 2.400 militares, incluindo bombeiros extras divididos em Grupos de Resposta ao Desastre (GRDs), com apoio de viaturas de salvamento, ambulâncias, barcos de alumínio para socorro a pessoas ilhadas por inundações e alagamentos, drones, aeronaves para busca de vítimas e monitoramento das áreas atingidas, cães farejadores, além de especialistas em resgate em estruturas colapsadas, entre outros recursos.
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