Entregadores do iFood protestam na porta de hospital onde colega baleado por cliente está internadoCléber Mendes/Agência O Dia

Rio - O aplicativo iFood registrou, desde o início do ano, mais de 4 mil casos de agressões sofridas por entregadores parceiros da plataforma no Rio. Segundo a empresa, foram 1.989 registros em janeiro, 1.806 em fevereiro e só nos cinco primeiros dias de março já há 211 registros. 
A estatística da empresa de delivery indica ainda que quase um terço dos casos de agressões registrados no país aconteceram no Rio. A maior causa de registros atuais é a questão da obrigação da entrega na porta do cliente ou portaria de condomínio. 
O incidente mais recente foi o do entregador Nilton Ramon de Oliveira, de 24 anos, que foi baleado na coxa, na última segunda-feira (4), após uma discussão com o cliente, um PM, pela falta de entrega de pedido em condomínio. Parte da confusão foi filmada pelo profissional, inclusive momento onde o policial aparece armado. O entregador foi socorrido e segue internado em estado grave no Hospítal Municipal Salgado Filho, no Méier
Em nota, o iFood disse que a "obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio". Essa é a recomendação passada aos entregadores e aos consumidores.
De acordo com a empresa, com intuito de difundir essa regra, uma série de iniciativas em parceria com o Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio) estão sendo feitas para conscientizar moradores e capacitar porteiros, síndicos e outros profissionais sobre a questão das entregas. 
A empresa também informou que ampliou o acolhimento feito pela Central de Apoio Jurídico e Psicológico para os entregadores parceiros no Rio, onde há a possibilidade de atendimento presencial no edifício sede das Black Sisters in Law (BSL) - coletivo de advogadas negras - que fornece assistência para profissionais vítimas de qualquer tipo de violência.
Após demanda de entregadores, a iFood também lançou uma Política de Combate à Discriminação e Violência que prevê condutas que não são aceitas, penalidades em relação aos agressores e formas de proteção às vítimas.
Por fim, a empresa voltou a lamentar o fato que ocorreu com Nilton: "O iFood não tolera qualquer tipo de violência contra os entregadores parceiros. (...) Estamos em contato com a família, que já está recebendo o apoio jurídico, por meio de uma advogada da Black Sisters in Law, que dará seguimento em todo processo jurídico do caso. A conta do cliente em questão foi banida da plataforma", esclareceu.