Operações no Complexo da Maré são frequentesReginaldo Pimenta/Arquivo/Agencia O Dia

Rio - As operações policiais que acontecem, na manhã desta quarta-feira (6), no Complexo da Maré, na Zona Norte, na Cidade de Deus e nas vilas Aliança e Kennedy, na Zona Oeste, fecharam 67 escolas, deixando 21.717 alunos sem aula. Essa não é a primeira vez em que os estudantes são afetados, no dia anterior, outros 3.220 não puderam frequentar as unidades. Na semana passada, mais 69 instituições foram impactadas, prejudicando 22.596 crianças e adolescentes.
Na ocasião, o secretário de Educação Renan Ferreirinha lamentou ao O DIA os transtornos sofridos pela população devido a interrupção constante das aulas.
"É extremamente lamentável. O equipamento escolar deveria ser o mais preservado. Toda criança tem direito a estudar todos os dias. A gente precisa priorizar a paz escolar. Cada dia sem funcionar é uma tragédia para nós. Estamos preparados para oferecer todo conteúdo e apoio pedagógico aos nossos alunos, mas é inacreditável que a gente tenha que fechar escolas, que deveriam ser lugar sagrado de paz em vez de ficarem rendidas", disse.
Complexo da Maré

Moradores do Complexo da Maré, na Zona Norte, são frequentemente afetados por ações policiais. Isso porque além das escolas, unidades de saúde também têm o serviço interrompido em dias de confronto. Apenas nesta quarta (6), 41 unidades escolares da região foram fechadas, afetando 13.799 alunos. Enquanto as clínicas da família Adib Jatene e Augusto Boal, e o Centro Municipal de Saúde Vila do João acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspenderam o funcionamento.
Segundo a PM, durante a operação houve intenso tiroteio e um homem foi baleado na perna e colocado dentro de um veículo blindado. Ele foi levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Ainda na ação, os agentes prenderam um chefe do tráfico de Minas e sua mulher. Os dois estavam com mandados de prisão em aberto. A região da Maré costuma ser um refúgio de criminosos de organizações criminosas e é para onde vai a maioria dos veículos roubados na Avenida Brasil.

No último dia 22, por exemplo, em uma outra operação que visava combater o roubo de veículos, mais 22 escolas foram impactadas. Na ação, os agentes cumpriram quatro mandados de prisão e apreenderam 10 Kg de maconha, seis balanças de precisão e material para embalar drogas. Além disso, recuperaram 11 carros, 17 motos, uma van e um caminhão.

Seis dias antes, outra ação provocou um intenso tiroteio na comunidade, e o mesmo número de colégios foram fechados, passando a atender remotamente. Com isso, 7.653 alunos ficaram sem aulas presenciais. No ínicio do mês, 7 de fevereiro, mais uma vez, alunos de 22 escolas não puderam frequentar as aulas

Cidade de Deus
Outra região que também sofre com operações quase que diariamente, é a Cidade de Deus, na Zona Oeste. Apenas nesta quarta (6), três escolas foram fechadas e 575 alunos ficaram sem aulas. Na última semana, no dia 26, os mesmos estudantes foram afetados.

Na ocasião, a PM tinha o objetivo de reprimir a movimentação de criminosos envolvidos em disputas de territórios nas localidades da Gardênia Azul, próximo a região. Isso porque as comunidades vivem sob uma disputa por territórios travada por traficantes do Comando Vermelho (CV) e milicianos. 

Ainda no início do ano letivo, a Secretaria Municipal de Educação teve que adiar o início das aulas de oito escolas devido a mais uma operação emergencial na Cidade de Deus. Prevista para começar às 7h, a retomada só iniciou às 9h. Enquanto outros quatro colégios permaneceram com atendimento remoto.
Vilas Kennedy e Aliança

Ainda na Zona Oeste, a Vila Kennedy precisou fechar 12 escolas, prejudicando 3.511 alunos. Enquanto na Vila Aliança, outras oito foram impactadas e 2.152 estudantes ficaram sem aula. Na semana passada, outras sete também foram fechadas na comunidade, afetando 2.109 alunos. As regiões sofreram com intenso tiroteio durante a manhã desta quarta (6). 
Além das escolas municipais, a Secretaria de Estado de Educação informou que outras três unidades estaduais foram afetadas na região, sendo duas na Maré e uma nas proximidades da Vila Aliança, atingindo aproximadamente mais 1.680 alunos.

"A Seeduc mantém diálogo permanente com as polícias militar e civil e vem acompanhando os registros feitos pelas unidades escolares através do Registro de Violência Escolar (RVE), ferramenta disponível na plataforma Conexão Educação, da Secretaria de Estado de Educação", disse em nota.