Pai do jovem Yago de Farias no sepultamento do filho, no Cemitério de InhaúmaCleber Mendes
'Tiro fatal da PM', desabafa madrinha de jovem morto no Jacarezinho
Yago de Farias, de 17 anos, foi sepultado na tarde desta quarta-feira (6), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte, sob forte comoção
Rio - Familiares e amigos do adolescente Yago de Farias, de 17 anos, baleado e morto na comunidade do Jacarezinho, prestaram as últimas homenagens na tarde desta quarta-feira (6), no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte. Marcado por tristeza, revolta e pedidos por justiça, o velório começou às 13h30 na Capela Santa Clara. Em seguida, houve o cortejo e Y ago foi sepultado às 16h30. Muito abalada, a madrinha do rapaz, Alessandra Guimarães dos Santos, afirmou que o responsável pelo disparo fatal é um policial militar.
"Foi um tiro fatal, certeiro, da PM. As pessoas que estavam na rua no momento do disparo viram que o tiro partiu de um policial militar. Eles [os policiais] ainda foram verificar se o Yago estava com alguma arma, mas viram que ele só tinha um fone", disse Alessandra. O jovem foi baleado com um tiro na cabeça na comunidade do Jacarezinho, Zona Norte. A família diz que Yago trabalhava com a mãe vendendo comida e que no momento do tiroteio ele havia saído de casa para levar os sobrinhos na escola.
A madrinha de Yago garante que ninguém da família tem envolvimento com o tráfico. "Somos pobres, favelados, por isso acham que a gente não tem estrutura. Se acharam que ele era suspeito, por que não abordou? Poderia ter chamado o pai, a mãe... mas não", desabafou Alessandra. A madrinha do jovem descreveu ele como sendo um rapaz 'bobão' e que tinha medo de tudo. "Os amigos dele são tudo assim, pequenos, ele era muito bobão, quando estava tendo tiro na comunidade eu que avisava a ele", lembra.
Em nota, a Polícia Militar informou que as circunstâncias da morte estão sendo apuradas pela Polícia Civil. "A Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM) colabora integralmente com as investigações". A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
No Instituto Médico Legal (IML), na manhã desta quarta-feira (6), Rosane de Farias, mãe de Yago, contou que a família não foi procurada em momento nenhum pela Polícia Militar ou pelo Governo do Estado. "Nem apareceu. Não tem polícia aqui. Ninguém nos procurou, não falou nada. Quem viu, conta que o PM chegou perto dele, viu que não tinha nada e foi embora", lembra. O adolescente foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos pelos próprios familiares e vizinhos, mas já deu entrada no local sem vida.
Já a avó do rapaz disse que o neto estava de fone de ouvido no momento que foi baleado. "Estava com o fone de ouvido, nem se deu conta do que aconteceu. Ele foi atingido pelas costas. (...) Eles (os PMs) foram até ele e viram que não tinha nada, deixaram o corpo lá, caído. A população foi se aglomerando e depois nós levamos ele para a UPA, mas não tinha mais jeito", relatou a avó Lígia Lima.
Operação contra o tráfico
Na terça-feira (5), a PM realizou uma operação na comunidade do Jacarezinho para reprimir a movimentação de traficantes da facção Comando Vermelho e possíveis saídas desses criminosos para disputas territoriais. Durante a ação, uma troca de tiros terminou com a morte de um suspeito, identificado como José Henrique da Silva, conhecido como Dentinho. Ele era procurado por organização criminosa.
Outros dois suspeitos foram presos. Além das prisões, foram apreendidos um fuzil, uma pistola, munições e um colete balístico. Dois carros roubados foram recuperados.
*Colaboração de Cleber Mendes
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