Rio - Após as prisões de Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, a Polícia Federal (PF) tem 60 dias para analisar o material e o conteúdo eletrônico aprendido na operação de domingo (24). O prazo foi estipulado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Ao todo, a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério Público do Rio de Janeiro e a PF cumpriram 12 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao trio. Entre as residências dos três, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, os agentes também realizaram buscas na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado.
As ações tiveram por objetivo a coleta de novas provas contra os autores intelectuais dos crimes e, ainda, apurar eventuais práticas de obstrução de justiça e organização criminosa.
Segundo a PGR, o resultado da análise permitirá que o órgão "forme seu juízo definitivo acerca dos crimes praticados, o que precede o ajuizamento da respectiva ação penal".
Já Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio, que assumiu a função um dia antes do assassinato de Marielle, é acusado de tentar obstruir as investigações do assassinato da vereadora e de Anderson. Antes disso, ele era coordenador da Divisão de Homicídios da Polícia Civil.
O caso é analisado em julgamento virtual pela Primeira Turma do STF até as 23h59 desta segunda-feira (25), mas é provável que termine antes. Além das prisões, a decisão de Moraes determinou o afastamento do delegado Giniton Lages e o comissário Marco Antônio de Barros Pinto. A dupla atuava na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na época do crime.
Delação premiada
Preso desde 2019, o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, citou o nome do deputado federal Chiquinho Brazão (União) e do irmão, Domingos Brazão, em sua delação premiada, homologada nesta terça-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma das principais linhas de investigação sobre o caso está relacionada a uma disputa por terrenos na Zona Oeste. Em depoimento, Lessa teria informado que Marielle virou alvo depois de defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.
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