Mosquitos contaminados Wolbachia serão soltos no Centro, Caju e na Ilha de PaquetáEdu Kapps/SMS

Rio - Mais três bairros do Rio de Janeiro vão receber uma ação de combate às doenças da dengue, zika e chikungunya, através da implantação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia (Wolbitos), que impedem a proliferação dessas arboviroses. A tecnologia, chamada de Método Wolbachia, começou a ser aplicada nesta terça-feira (2), nas proximidades da Clínica da Família São Sebastião, no bairro do Caju, nas ruas e em pontos estratégicos da região, como o Cemitério São Francisco Xavier.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a partir da soltura dos mosquitos infectados com a bactéria e com o tempo de reprodução natural, a população de Aedes aegypti deve ser gradativamente substituída por mosquitos incapazes de causar as doenças.

“Ao longo de algumas gerações, o número de mosquitos com a bactéria aumenta rapidamente, até que ela esteja presente na maioria dos insetos de uma população. Uma vez que os mosquitos já têm a Wolbachia, eles naturalmente a transmitem para seus descendentes ", escreveu a pasta.

Na quarta-feira (3) a soltura dos mosquitos vai acontecer no Centro da Cidade, com o auxílio de veículos da Secretaria Municipal de Saúde. Já na quinta (4) a ação será na Ilha de Paquetá.
"O Caju é um local com alta incidência de dengue e o Centro da cidade é uma área estratégica pela grande circulação de pessoas. Já Paquetá é uma ilha com uma distância considerável do litoral, o que cria condições específicas e que serão bem interessantes para serem analisadas neste trabalho com os Wolbitos”, explica o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Soranz disse também que até 2026 a previsão é de proteger 1,5 milhão de pessoas no município, fechando toda a região central e da Zona da Leopoldina, que têm uma alta incidência de casos e uma grande densidade populacional.

“Apesar da implementação de novos métodos no combate às arboviroses, é fundamental que a população não esqueça os cuidados de rotina contra o Aedes aegypti, pois a contribuição individual ainda é a forma mais eficaz de prevenir a proliferação do mosquito”, lembrou o secretário municipal de Saúde.
Ainda segundo a SMS, 29 bairros bairros da Ilha do Governador e adjacências já possuem mosquitos com a Wolbachia. A liberação dos insetos nessas regiões ocorreu entre o final de 2016 e 2019, e até 2021 foram realizadas algumas liberações pontuais. Essas regiões são monitoradas através do Sistema de Notificação Nacional (Sinan) para identificar o impacto do método sobre a transmissão das arboviroses.
O método Wolbachia faz parte do Programa Mundial de Mosquitos, também chamado de World Mosquito Program, (WMP), que atua em 14 países. No Brasil, a iniciativa é conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz, com financiamento do Ministério da Saúde em parceria com governos locais. Os Wolbitos, como são chamados os insetos infectados, são desenvolvidos em laboratório, na sede da Fiocruz, na Maré.

O estado do Rio de Janeiro recebeu o projeto piloto do Método Wolbachia entre 2014 e 2015, quando foi implementado em Tubiacanga, na Ilha do Governador e, posteriormente, no bairro de Jurujuba em Niterói. Já em 2023, Niterói se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pela tecnologia.
Dados divulgados pela WMP Brasil, em 2021, apontaram a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica, em Niterói. 
“Esses números estão publicados em artigo científico e corroboram os dados do WMP em outros países. Depois dos dados de 2021, a gente vem acompanhando ainda toda a série histórica da cidade, com os dados secundários do município, coletados do Sinan, tanto de dengue, como de zika e de chikungunya e outras análises foram realizadas recentemente, mostrando resultados ainda superiores na redução dos casos das arboviroses, conta coordenador do programa no Brasil, Luciano Moreira.
Fim de Epidemia na Capital

Na última sexta-feira (29), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou o fim da epidemia de dengue no Rio. Segundo a pasta, houve queda no número de casos e melhora na situação da doença no município. Até o momento a cidade registrou 82.436 casos e sete mortes pela doença em 2024.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES),no entanto, decidiu manter o decreto de epidemia de dengue no Estado do Rio. De acordo com o órgão, o número de casos prováveis da doença ainda é considerado alto por técnicos e especialistas. Ao todo o estado já registrou 179.084 casos e 76 mortes por Dengue.
A campanha de vacinação continua na capital para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. O imunizante, que já foi aplicado em 104.819 cariocas, está disponível em todas as clínicas da família e centros municipais de saúde, além do Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, no espaço Vacina,Rio, no ParkShopping Campo Grande.