Estabelecimento foi interditado na noite desta quinta-feira (4)Divulgação / Seop

Rio - A boate Portal Club, na Lapa, foi interditada na noite desta quinta-feira (4) após duas mulheres denunciarem terem sido estupradas no local. A Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio (Seop) informou que a medida foi tomada preventivamente para preservar a segurança e disse, ainda, que a casa de show ficará fechada até o encerramento das investigações.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a boate funcionava irregularmente por não possuir o Certificado de Vistoria Anual (CVA), que diz respeito a segurança contra incêndio e pânico. Já a prefeitura havia informado que o estabelecimento está com o alvará ativo e documentação cadastral em dia. No entanto, ficará fechada após as denúncias de estupro.
Uma das vítimas, a universitária estrangeira, disse que, após conhecer um rapaz na casa noturna, aceitou ir com ele ao "dark room", um espaço reservado no estabelecimento. No local, ela denuncia ter sido estuprada sem chance de defesa por um número de homens que não consegue precisar. A estudante contou que chegou a perder a consciência e que não sabe se algo foi adicionado a sua bebida. A jovem afirma que ao recuperar a consciência, procurou a amiga e quis chamar a polícia, mas não foi devidamente atendida.
A estrangeira pretendia permanecer por pelo menos um ano no Brasil para aprender português, mas retornou ao país de origem e escreveu uma carta. Ela relatou que está em casa e só quer descansar e esquecer o que aconteceu. "Quero acordar e pensar que toda minha viagem pelo Brasil foi um pesadelo, que isso não aconteceu e voltar à minha vida normal, não sei se haverá justiça ou não, mas já disse tudo o que tinha a dizer e fiz tudo o que tinha que fazer. Espero que a minha história ajude outras mulheres que passaram pela mesma coisa a serem encorajadas a falar, que saibam que não estão sozinhas", escreveu.
Na carta, a estrangeira contou sobre os momentos desesperadores que vivenciou na casa de show. "Fiquei muito chocada, eu estava gritando e chorava tanto que nem conseguia respirar. Pedi que me mostrassem as câmeras para entender o que havia acontecido e o segurança disse que só poderiam fazer isso com autorização da polícia, comecei a entrar em pânico novamente porque eles realmente não estavam me dando nenhuma solução", disse.
A segunda vítima, que não foi identificada, relatou que estava na casa para assistir a um grupo de pagode e que a festa tinha bebida liberada, como no caso da estrangeira. Ela disse ainda que quando foi ao banheiro se sentiu tonta e não lembra mais o que aconteceu. Ao acordar, percebeu que estava em um quarto preto com dois homens. Na época do crime, a jovem registrou um boletim de ocorrência e procurou a boate, mas não teve retorno. A vítima procurou a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj após a repercussão do caso da estrangeira que também alega ter sido vítima de um abuso no estabelecimento.
A boate Portal Club passou por perícia na noite de quarta-feira (3) após as denúncias. Agentes da Delegacia de Atendimento à Mulher do Centro do Rio, responsáveis pela investigação, estiveram também no espaço reservado do local, conhecido como "dark room", onde teria acontecido os abusos. Em nota, a assessoria do local disse repudiar os casos.
A Polícia Civil informou que as imagens de câmeras de segurança já estão sendo analisadas. Segundo a instituição, testemunhas estão sendo ouvidas e demais diligências estão em andamento para esclarecer o caso.