Sistema de fornecimento Imunana-Laranjal foi contaminado com toluenoCedae

Rio - Após a interrupção no fornecimento devido à contaminação do sistema Imunana-Laranjal na última quarta-feira (3), moradores de Niterói e São Gonçalo, na região Metropolitana do Rio, sofrem com a falta de água. Ao todo, mais de 2 milhões de pessoas estão sendo afetadas.

Ao DIA, Ivanete Souza, de 48 anos, moradora do Largo da Batalha, em Niterói, conta sobre as dificuldades com a interrupção do serviço. "Está sendo um transtorno pra todo mundo. Não dá para tomar banho, lavar louça, fazer comida e limpar a casa. Hoje, para ir trabalhar, tive que tomar banho com água mineral, mesmo estando uma fortuna nos mercados", desabafou.

José Edmar, advogado de 65 anos, mora em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, mas precisou tomar banho no seu escritório, que fica no Centro do Rio. "Fomos pegos de surpresa, na quarta-feira a água já estava muito fraca. Compramos várias garrafas no mercado para compensar. A caixa está seca desde ontem à noite", relata.

Já em São Gonçalo, Ana Letícia, 45, residente do Galo Branco, reclamou da falta de água nos mercados da cidade. "Não estamos conseguindo comprar água. No mercadinho próximo à minha casa não tem mais nada. Vou procurar em postos de gasolina. Ainda tem um restinho de água na caixa, então precisamos economizar muito. Estou com roupa até o teto para lavar e com problemas para fazer comida. Também estou procurando um lugar para dar banho na minha filha, que tem necessidades especiais."

Ana conta, ainda, que tentou contratar um caminhão-pipa, mas quase levou um golpe. "Ontem achei um caminhão que estava mais barato do que o normal, mas a moça pediu para eu fazer o pagamento antes da entrega. Hoje, fui pesquisar novamente e a empresa desapareceu. Provavelmente tentaram se aproveitar da minha situação."

Publicações nas redes sociais mostraram pessoas comprando grandes quantidades de garrafas de água mineral nos mercados da região. Pela manhã desta sexta, grandes redes da região oceânica de Niterói já estão sem água para vender. Além de Niterói e São Gonçalo, Itaboraí, Inoã, Itaipuaçu e Ilha de Paquetá também estão sem fornecimento.


Entenda o caso

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) suspendeu, na madrugada da última quarta, a operação do sistema Imunana-Laranjal, que abastece os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Inoã, Itaipuaçu e Ilha de Paquetá, após identificar a presença da substância tóxica tolueno na área de captação da água. O fornecimento já soma mais de 54 horas de interrupção. 
O tolueno é um composto químico que pode trazer vários danos à saúde, se ingerido ou inalado. Utilizada na fabricação de gasolina, cola, tinta e borracha, a substância pode causar irritação dos olhos, garganta e pele, além de fadiga e sonolência. Em casos mais graves, pode gerar insônia, náusea, perda de memória, entre outros sintomas.

Nesta quinta-feira (4), o Governo do Estado convocou uma força-tarefa para esclarecer dúvidas sobre o caso. Na ocasião, foi informado que a Cedae identificou que a contaminação veio da cidade de Guapimirim, na Baixada Fluminense, por meio de canais artificiais de drenagem de fazendas.

Em decorrência da falta de água, alunos de escolas municipais de São Gonçalo e Niterói não tiveram aula nesta sexta-feira (5). A prefeitura de Niterói informou que o calendário foi interrompido em 13 unidades que foram mais afetadas, enquanto algumas ainda funcionam em meio período. Já em São Gonçalo, as aulas só vão retornar quando o abastecimento for normalizado.

Também nesta sexta, a Águas do Rio iniciou uma operação para abastecer unidades de saúde da Região Metropolitana do Rio, distribuindo 32 caminhões-pipa nas cidades afetadas.

A Cedae informou que não há chance do composto chegar às casas da população, e que o abastecimento só será retomado quando a água estiver própria para consumo. Procurada, a Águas de Niterói afirmou, em comunicado, que o Imunana-Laranjal segue sem previsão de normalização, e recomendou que os moradores economizem água, evitando tarefas que não são essenciais.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Iuri Corsini