Família de jovem atropelado cria 'vaquinha' para ajuda no tratamento: 'Que ele tenha o sorriso de volta'
Vinicius da Silva Mattos, de 23 anos, foi atingido por um taxista que deixou o local sem prestar socorro. Família critica comentários racistas em redes sociais
Vinicius da Silva Mattos segue internado no Hospital Souza Aguiar - Arquivo Pessoal
Vinicius da Silva Mattos segue internado no Hospital Souza AguiarArquivo Pessoal
Rio - A família do passeador de cães Vinicius da Silva Mattos, atropelado por um taxista que não o socorreu, anunciou uma 'vakinha' on-line para auxiliar nos custos do tratamento. Ao DIA, a irmã do jovem de 23 anos, Amanda Mattos, contou que ele precisa de ajuda para uma implantação dentária, já que perdeu ao menos oito dentes e fraturou a mandíbula.
Vinicius, também conhecido como "Chant", trabalha como autônomo e foi a um bar com amigos em Vila Isabel, na Zona Norte, após assistir ao jogo do Botafogo na noite de terça-feira (3). Na volta para casa, ele tentou pedir um táxi, mas acabou atropelado por um taxista que deixou o local sem prestar socorro. As imagens viralizaram nas redes sociais e a família reclama que tem sofrido com comentários racistas.
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"Falam como se ele fosse culpado por estar sem camisa, que ele deveria estar na calçada. Ninguém tem o direito de atropelar e fugir por causa disso. Nas imagens, dá para ver que ele estava colocando a camisa. O motorista podia ter desviado, mas passou por cima dele. Isso tem me incomodado muito, as pessoas vão nos comentários, mandam 'direct'. Essa questão racial tem que ser falada. Um menino negro que foi solicitar um táxi e o motorista jogou o carro em cima dele. Tem aquele ditado: um branco correndo é atleta, mas um negro correndo é ladrão", lamentou Amanda.
A irmã do rapaz, que está grávida de nove meses, pontou que a família tem se virado para cuidar de Vinicius. O pai, Lucio Santos, trabalha como taxista e continua pagando a diária do veículo mesmo quando precisa ficar com o filho no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Já a mãe, Maria Odilia, é cuidadora e continua trabalhando por conta da situação financeira da família.
"A gente só quer que meu irmão tenha o sorriso dele de volta, volte a vida dele o mais rápido possível, e justiça para que a gente possa achar quem estava naquele carro. Tem a demora da polícia, questão de burocracia, é tudo muito difícil. O carro não some, ele precisou parar em algum momento. Alguma câmera tem que ter filmado a placa", comentou a irmã.
Nascido e criado em Vila Isabel, Vinicius é querido pelos moradores da região. Por meio de amigos e conhecidos, a família conseguiu imagens de câmeras que mostram o momento do atropelamento.
O passeador de cães Vinicius da Silva Mattos, de 23 anos, foi atropelado por um taxista que fugiu sem prestar socorro em Vila Isabel.
Amanda também conta que, ao registrar a ocorrência na 20ª DP (Vila Isabel), policiais afirmaram que a investigações só poderiam ser intensificadas depois que Vinicius prestasse depoimento. Posteriormente, a família foi comunicada que as ações dos policiais já estão em andamento para identificar o motorista. Em nota, a Polícia Civil negou o atraso e comunicou que a investigação está em andamento na distrital para localizar o condutor.
Vinicius segue internado e deve passar por uma cirurgia no maxilar na próxima semana. "Às vezes, ele fica ansioso, depressivo, mas às vezes fica bem, porque é uma pessoa muito forte e positiva. Ele quer sair o quanto do hospital para poder voltar a viver a vida normal, ele fala que quer voltar a passear com os cães logo, ama o trabalho", contou Amanda.
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