Rodrigo Marinho Crespo foi morto em frente ao escritório em que trabalhava, na calçada do prédio da OAB-RJReprodução / Redes Sociais

Rio - O policial militar Vitor Hugo Henrichs Mello, preso por ser suspeito de envolvimento no assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo no dia 26 de fevereiro, teve a sua exoneração da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) conformada em decisão publicada na quarta-feira (10) em edição extra do Diário Oficial. Ele era do gabinete do deputado estadual Rosenverg Reis (MDB). 

Vitor Hugo foi transferido para a Alerj em março de 2022 e recebia uma gratificação de R$ 2,3 mil, além do salário de policial. O agente, preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, teve a prisão convertida em preventiva após audiência de custódia, realizada na quarta-feira (10). O policial negou envolvimento no homicídio.
Segundo as investigações, Vitor Hugo alugou um veículo na locadora Horizonte 16, a mesma em que foram alugados os carros usados para monitorar o advogado nos dias que antecederam a morte. Antes da Alerj, Vitor Hugo foi lotado no 15º BPM (Duque de Caxias), o mesmo do policial militar Leandro Machado da Silva, preso por ser suspeito de participação no crime.

Procurado pelo DIA, Rosenverg Reis esclareceu que desconhece completamente as atividades do policial fora da Alerj, recrimina qualquer atividade ilícita e, por isso, já exonerou o mesmo do cargo. O deputado ressaltou, ainda, que o agente é responsável por seus atos e responderá por qualquer ilícito que tenha cometido fora da Assembleia.
Por meio de nota, a Alerj disse que assim que tomou conhecimento dos fatos noticiados, publicou imediatamente em Diário Oficial extra do Legislativo a dispensa do policial.
A operação realizada por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) mirava o contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho. Ele foi um dos alvos de buscas na ação realizada nesta terça-feira (9). Os policiais também cumpriram mandados contra outras nove pessoas, entre elas quatro policiais militares.
Adilsinho é apontado como líder de uma organização criminosa envolvida na exploração de jogos ilegais e no comércio de cigarros que atua em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nas buscas, feitas em 21 endereços, os policiais apreenderam um fuzil, três pistolas, munições, telefones, computadores, carregadores e R$ 47,5 mil.
Ligação com a Alerj
Até agora, três pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no assassinato de Rodrigo. O policial militar Leandro Machado da Silva teria sido o responsável por coordenar toda a logística do crime e de entregar o carro utilizado na execução. Cezar Daniel Mondego de Souza e Eduardo Sobreira Moraes são apontados pela investigação como os responsáveis pela vigilância e monitoramento da vítima nos dias que antecederam o crime, e também no dia da morte. Esses dois também tinham ou tiveram cargos comissionados na Alerj.
Quatro dias depois do homicídio, Eduardo foi nomeado para um cargo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O suspeito iria trabalhar como assistente no Departamento de Patrimônio, assumindo o posto no lugar de Cezar Daniel, outro suspeito de participação no crime, que foi exonerado na mesma data.
De acordo com o Portal da Transparência da Alerj, Cezar recebia remuneração de R$ 2.029,37. Com a exoneração, o valor seria pago, então, para Eduardo. Questionada, a Alerj disse que assim que tomou conhecimento sobre o caso, e antes mesmo de ter sido realizada a posse, o órgão tornou o ato de nomeação de Eduardo sem efeito em publicação no Diário Oficial.
Segundo a Alerj, Cezar Daniel estava nomeado desde 2019, na gestão anterior da Casa, e deixou o cargo para que o Eduardo entrasse em seu lugar. No entanto, a ação não chegou a ser concluída, já que a portaria foi tornada sem efeito. Disse, ainda, que ter tornado o ato de nomeação do Eduardo sem efeito não interfere na situação do Cézar, que segue exonerado e o cargo está vago.
Relembre o caso
O homicídio aconteceu em frente ao escritório onde o advogado era sócio fundador, na calçada do prédio da OAB-RJ. De acordo com imagens de câmeras de segurança, um carro branco se aproximou da vítima às 17h16 no último dia 26 de fevereiro. Em ação que durou cerca de 14 segundos, um homem encapuzado deixou o veículo e efetuou diversos disparos contra Rodrigo.
Antes de atirar, o homem ainda chamou o advogado pelo nome. Ainda segundo a DHC, a atitude demonstra, inicialmente, que o executor queria ter certeza de que estava abordando o alvo certo. O advogado foi baleado duas vezes quando estava de pé e outras dez após cair. Rodrigo estava lanchando no momento em que foi surpreendido pelo criminoso.