Moraes é apontado pela investigação como o responsável pela vigilância e monitoramento da vítima nos dias que antecederam o crime, e também no dia da morte, na parte da manhã até o início da tarde, utilizando um Gol branco, similar ao dos executores.
Eduardo já havia sido alvo de uma operação, realizada nesta segunda-feira (4), quando os agentes da DHC cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e ao policial militar Leandro da Silva. Ambos não haviam sido encontrados.
Na última sexta-feira (1º), quatro dias depois do homicídio, o suspeito foi nomeado para um cargo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Eduardo iria trabalhar como assistente no Departamento de Patrimônio, assumindo o posto no lugar de Cezar Daniel de Souza, outro suspeito de participação no crime, que foi exonerado na mesma data.
De acordo com o Portal da Transparência da Alerj, Cezar recebia remuneração de R$ 2.029,37. Com a exoneração, o valor seria pago, então, para Eduardo. Questionada, a Alerj disse que assim que tomou conhecimento sobre o caso, e antes mesmo de ter sido realizada a posse, o órgão tornou o ato de nomeação de Eduardo sem efeito em publicação no Diário Oficial.
Outras prisões
Na manhã desta terça-feira (5), o policial militar Leandro Machado da Silva se entregou na DHC. De acordo com a investigação, o PM entregou para Eduardo o carro usado no monitoramento do advogado. Ele seria responsável por toda a logística do assassinato.
O agente, inclusive, já foi investigado e preso pela prática de homicídio, e por integrar grupo paramilitar com atuação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Leandro, que está afastado das ruas por responder a outro inquérito policial, ainda teria ligação com Vinícius Pereira Drumond, filho do falecido contraventor Luizinho Drumond, que controlava o jogo do bicho na Zona Leopoldina. Ele também é investigado por fazer parte de uma organização criminosa responsável por execuções no Rio.
O advogado, Diogo Macruz, responsável pela defesa do PM, sustentou que o motivo para o aluguel do carro usado no crime não era de conhecimento do seu cliente. "A prisão do Leandro hoje não tem a ver com o processo. O Leandro é um cara que sublocava os carros. Essa sublocação que fez com que ele viesse parar aqui, justamente porque, aparentemente, alguém que cometeu esse crime cruel utilizou-se de um desses veículos. Mas o Leandro, em si, não tem relação com o processo, com a morte do colega advogado", disse.
De acordo com Diogo, Leandro alugava carros para pessoas trabalharem. A maioria dos locatários os utilizava para serviços de aplicativo de transporte. "É uma sublocação. Ele se aproveitou da questão de 'vou ganhar um dinheiro' e sublocava os carros que, para ele, eram alugados, mas ele não tinha um domínio do que as pessoas que alugavam esses carros poderiam fazer, e não, ele não fazia a menor ideia do que aconteceu, ele não está envolvido nesse crime", afirmou.
O advogado também discorda do outro inquérito policial e afirma que não há qualquer indício de relação entre o seu cliente e Vinícius Pereira Drumond, filho do falecido contraventor Luizinho Drumond, que controlava o jogo do bicho na Zona Leopoldina e teria contato constante com o dono da locadora.
"Isso não se manteve no depoimento, pois não ficou provado essa ligação do Drumond com o meu cliente. Pelo contrário, o meu cliente já falou que não sabe sequer qual é a casa, nunca nem veio aos condomínios daqui, caso o Drummond more nessa região. Ele não conhece o Drummond. Também não tem relação com o jogo do bicho. O PM é só isso: policial militar e pai de família", garante.
O primeiro a ser preso nesta terça-feira (5) foi Cezar Daniel de Souza. Assim como Eduardo, ele também é apontado como responsável pela vigilância e monitoramento do advogado. Rodrigo foi morto a tiros no último dia 26, por volta das 17h, na Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio.
Cezar era assistente no Departamento de Patrimônio na Alerj e foi exonerado na última sexta-feira (1º). Ele estava nomeado desde 2019, na gestão anterior da Casa, e deixou o cargo para que o Eduardo entrasse em seu lugar. No entanto, a ação não chegou a ser concluída, já que a portaria foi tornada sem efeito. A Alerj disse ainda que ter tornado o ato de nomeação do Eduardo sem efeito não interfere na situação de Cézar, que segue exonerado e o cargo está vago.
A defesa do suspeito, Manoel de Jesus Soares, negou as acusações e que o cliente não conhece os outros suspeitos, apenas Eduardo: "Claro que não. Nem tocou. Nem conhece nenhuma das pessoas que estão sendo mencionadas por vocês. O Eduardo é um conhecido dele. Ele não nega que o conhece. A relação deles é de caserna. Não sei. Estou deduzindo. Não perguntei isso a ele. Ele diz que conhece o Eduardo e utilizou, de fato, uma viatura de aplicativo que era conduzida pelo Eduardo, da propriedade dele, sem maiores detalhes", afirmou, dizendo que Cezar andou com o colega no entorno da Lagoa, pois estavam procurando um local para uma comemoração.
Manoel afirmou que Cezar nega qualquer ligação com contravenção ou jogo do bicho.
Relembre o crime
O homicídio aconteceu em frente ao escritório onde o advogado era sócio fundador, na calçada do prédio da OAB-RJ. De acordo com imagens de câmeras de segurança, um carro branco se aproximou da vítima às 17h16 da última segunda-feira (26). Em ação que durou cerca de 14 segundos, um homem encapuzado deixou o veículo e efetuou diversos disparos contra Rodrigo.
Antes de atirar, o homem ainda chamou o advogado pelo nome. Ainda segundo a DHC, a atitude demonstra, inicialmente, que o executor queria ter certeza de que estava abordando o alvo certo. O advogado foi baleado duas vezes quando estava de pé e outras dez após cair. Rodrigo estava lanchando com o sobrinho no momento em que foi surpreendido pelo criminoso.
Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) desde novembro de 2011, o advogado fazia parte da Comissão de Direito Processual Civil. Também era sócio fundador do Marinho & Lima Advogados, tinha experiência em Direito Civil Empresarial com ênfase em Contratos e Direito Processual Civil. Ele se formou em 2005 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e tinha pós-graduação em Direito Civil Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Conforme consta no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), Rodrigo estava à frente das defesas de processos por posse, aquisição de bens materiais, indenização por bens materiais e confissão de dívidas. O advogado também atuou contra Glaidson Acácio dos Santos, o 'Faraó dos Bitcoins', em um processo que correu entre 2022 e 2023 na 3ª Vara Cível da Barra da Tijuca, Zona Oeste. O inquérito foi arquivado porque o homem que processou Glaidson deixou de se manifestar à Justiça após não conseguir a gratuidade no processo.
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