Érika de Souza Vieira Nunes levou o corpo do idoso a uma agência bancária, em Bangu, para tentar pegar um empréstimo Reprodução

Rio - O corpo do idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, levado por uma mulher a um banco, na última terça-feira (16), para fazer um empréstimo de R$ 17 mil, está há quase três dias no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, na Zona Oeste. A Secretaria de Assistência Social informou que aguarda a guia de sepultamento, documento que reúne todas as informações do falecido e serve como registro para o enterro.
Segundo a pasta, a previsão era que a autorização fosse entregue durante esta manhã. No entanto, a SMAS ainda não recebeu a liberação. Na última quarta-feira (17), a família do idoso disse que não tinha condições de arcar com os custos do enterro.
O corpo de Paulo Roberto foi liberado na quarta por uma mulher que seria irmã de Érika de Souza, que levou o idoso até a agência. Ela apresentou uma Declaração de Hipossuficiência para que o sepultamento de Paulo Roberto seja sem custos. Outras três pessoas, que disseram ser parentes e vizinhos, a acompanharam durante a liberação. No entanto, ainda não há informações sobre local e horário do enterro. 
O laudo de exame de necropsia apontou que o idoso morreu entre 11h30 e 14h30 da última terça-feira, ou seja, não é possível determinar se o homem veio a óbito antes ou depois de chegar no banco. A causa da morte de Paulo, de acordo com o laudo, foi broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca. O texto também destacou que a rigidez cadavérica se desenvolve de forma progressiva, começando pela nuca e descendo para outros membros. 
De acordo com o documento, o idoso se tratava de um homem previamente doente com necessidade de cuidados especiais. Paulo ficou internado por uma semana na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bangu com quadro de infecção pulmonar, recebendo alta na segunda-feira (15), um dia antes de morrer.
No vídeo que viralizou, Erika conversa com a vítima normalmente, pedindo inclusive para que Paulo assinasse o documento que autorizava o recolhimento dos R$ 17 mil. Funcionários da agência bancária desconfiaram e chamaram equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito às 15h20. Em depoimento, a mulher contou que o idoso tinha solicitado o empréstimo para comprar uma televisão nova e reformar a casa. Na sua oitiva, a mulher alegou que Paulo chegou vivo ao banco e que parou de responder no momento do atendimento no guichê.
Imagens de câmeras de segurança da agência bancária mostram Paulo Roberto sem esboçar movimentos e com o pescoço pra trás. Os vídeos são da entrada e da porta giratória do banco. Nas imagens, o idoso está na mesma posição em que aparece diante das funcionárias no interior do banco, com o pescoço tombado e boca aberta.
Ao entrar na agência, Érika passa com a cadeira de rodas por uma porta lateral. Nesse momento, ela segura a nuca do tio e o pescoço aparece reto. No entanto, ao colocar as duas mãos na cadeira novamente, o pescoço cai. Em seguida, a mulher deixa o idoso e retorna para passar pela segurança na porta giratória. Paulo Roberto permanece na mesma posição.
Ela teve a prisão preventiva decretada durante audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (18). A defesa de Erika, representada pela advogada Ana Carla Corrêa, garante que o idoso chegou vivo ao banco, além de informar que Paulo sofria com alcoolismo e enfrentava problemas de saúde recentemente, assim como o uso da cadeira de rodas.