Érika de Souza levou um cadáver a uma agência bancária para sacar empréstimoReprodução/Redes sociais

Rio - A Polícia Civil concluiu que Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, que levou o cadáver de Paulo Roberto Braga para sacar um empréstimo em um banco, não tentou retirar outro benefício no nome da vítima anteriormente. A informação foi confirmada pelo delegado Fábio Luiz da Sila, titular da 34ª DP (Bangu), responsável pelas investigações, nesta quarta-feira (24).
O delegado solicitou o sigilo bancário de Érika, que está presa pelos crimes de tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. Em depoimento, Erika disse que o idoso tinha solicitado o empréstimo de R$ 17 mil para comprar uma TV nova e reformar a casa. Na análise da movimentação bancária foi constatado que a sobrinha do idoso tentou sacar, junto com o idoso, apenas uma vez, em uma agência do Itaú de Bangu, na Zona Oeste. Foi após essa tentativa que o caso ganhou repercussão nacional e internacional
Câmeras flagraram a ação
Na sua oitiva, ela alegou que Paulo chegou vivo ao banco e que parou de responder no momento do atendimento no guichê. No entanto, imagens de câmeras de segurança mostram que o aposentado já entra no banco com o corpo inerte. Os vídeos são de câmeras de segurança do calçadão de Bangu, na Zona Oeste do Rio, e da entrada da agência bancária. Pelas imagens, Paulo já parece sem controle dos músculos e com o pescoço tombado para o lado. Com um movimento do braço, Erika ergue a cabeça do idoso por cerca de 20 segundos para passar pelo segurança. 
Depois ela volta, passa pela porta giratória e leva Paulo ao guichê. Lá, ela conversou normalmente, pedindo inclusive para que Paulo assinasse o documento que autorizava o recolhimento do dinheiro. Funcionários da agência bancária desconfiaram e chamaram equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Laudo
O laudo de exame de necropsia do idoso apontou que não é possível determinar se o homem veio a óbito antes ou depois de chegar no banco. Segundo o documento, a morte teria acontecido entre 11h30 de terça-feira (16), dia em que foi na agência, e 1h de quarta-feira (17), ou seja, de 10h a 24h de o idoso ser submetido ao exame de necropsia. Com isso, o laudo é inconclusivo sobre o momento exato da morte de Paulo. A causa da morte, de acordo com o laudo, foi broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca.
O que dizem os envolvidos
O motorista de aplicativo que transportou a mulher e o idoso até o banco disse que Paulo Roberto estava vivo durante o trajeto. Em depoimento, o homem afirmou que o idoso chegou a segurar na porta do carro. O rapaz informou que foi acionado para a corrida por volta das 12h26 e que, ao chegar no local, Érika estava no portão da casa com o idoso. Segundo o motorista, ele chegou a ficar sete minutos sozinho com a vítima no carro aguardando a mulher voltar com a cadeira de rodas até o estacionamento.
Um homem que trabalha como mototaxista em um ponto na rua de Erika também prestou depoimento e disse que o idoso estava vivo no momento em que saiu de casa. De acordo com a testemunha, ele ajudou a colocar Paulo dentro do veículo. Conforme diz o depoimento, o idoso ainda respirava e tinha forças nas mãos. A testemunha ressaltou que Paulo até segurou na porta do carro quando entrou.
A defesa de Erika, representada pela advogada Ana Carla Corrêa, garante que o idoso chegou vivo ao banco, além de informar que Paulo sofria com alcoolismo e enfrentava problemas de saúde recentemente, assim como o uso da cadeira de rodas. "O idoso é tio dela e temos testemunhas que confirmam que o Paulo chegou vivo à agência. Eles moram, a família em si, em um grande terreno com várias casas, e ali um cuida do outro. O seu Paulo sempre foi uma pessoa independente, mas de um tempo pra cá começou a ter uma saúde um pouco mais debilitada, não somente pela idade, mas porque ele também era uma pessoa alcoólatra", disse.