Funcionários em protesto na entrada do Hospital Universitário Gaffrée e GuinleReprodução / Redes sociais

Rio - Servidores do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, ligado à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), entraram em greve nesta segunda-feira (6) e realizaram um protesto em frente à unidade.
De acordo com a direção da unidade, cirurgias não consideradas de urgência estão sendo remarcadas com objetivo de priorizar cirurgias mais urgente, como as de câncer, que estão ocorrendo normalmente. "As escalas profissionais estão sendo planejadas de forma a manter os serviços essenciais em funcionamento, preservando a assistência hospitalar da unidade de saúde", explicou.
Os profissionais de saúde reivindicam reajuste salarial que atenda à inflação acumulada nos últimos anos, melhores condições de trabalho e valorização profissional. O hospital é gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) com autonomia administrativa e financeira, mas segue sob a tutela do Ministério da Educação.
De acordo com o Sindicato Intermunicipal dos Servidores Públicos Federais dos Municípios do Rio de Janeiro (Sindisep-RJ), a proposta de reajuste bienal, com 80% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é considerada insuficientes pela categoria. O Sindisep-RJ ainda ressalta que a inflação acumulada no período de 2019 a 2023 foi de 37,45%.
"Diante da proposta insatisfatória da Ebserh, os trabalhadores da empresa decidiram deflagrar greve por tempo indeterminado, a partir de 2 de maio em Santa Catarina e 6 de maio nos demais estados e no Distrito Federal. A greve é um instrumento de luta para pressionar a empresa a apresentar uma proposta de reajuste mais justa e compatível com a realidade econômica do país", comunicou o sindicato.
"As trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh merecem respeito, assim como outras categorias do serviço público federal, que já receberam propostas com reajuste de 9% em 2025 e 3,5% em 2026, percentual muito superior a proposta oficial da empresa. A greve da Ebserh é um movimento legítimo e necessário para defender os direitos dos trabalhadores e garantir a qualidade dos serviços públicos de saúde", acrescentou.
Em nota, a Ebserh comunicou que participou de uma audiência de mediação e conciliação realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre o Acordo Coletivo de Trabalho. A nova proposta apresentada inclui:
- 80% do INPC (3,09%) sobre salários e benefícios, exceto alimentação;

- 20,58% de reajuste no vale-alimentação, saindo de R$ 660,09 para R$ 796;

- 100% do INPC para o próximo período sobre salários e benefícios;

- Manutenção dos 38 itens sociais já aceitos;

- Instituição em acordo coletivo de grupo de trabalho para criar um plano de recomposição salarial.
"Os avanços são resultado de tratativas da Ebserh com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), seguindo compromisso da estatal de manter o diálogo aberto com os empregados. A Ebserh reforça seu empenho em manter o diálogo e a transparência visando a conclusão do TST", afirmou a organização social.
Raul Bittencourt Pedreira, secretário-geral do Sindisep-RJ, afirmou que a proposta apresenta, na verdade, uma redução salarial, uma vez que o poder de compra é reduzido com o aumento da inflação.
"O governo apresentou uma proposta de reposição salarial de 2,5% depois de muita pressão das entidades sindicais. É uma proposta que, para o período de 2024 até 2025, não vai repor as perdas inflacionárias. E pior, sinaliza para o período de 2025 a 2026, o próximo ACT, estaria incluído nesse acordo com a reposição de apenas 80% do INPC. Ou seja, apresentou originalmente uma proposta que visava reduzir os salários, deixar o salário ser engolido pela inflação", explicou.
"Ninguém está feliz com essa alternativa, porque nós reconhecemos a importância do atendimento à população, a importância do SUS, a necessidade de prestar um bom serviço. Tanto que, no Rio Grande do Sul, a greve foi suspensa para poder dar atendimento às vítimas das enchentes. O trabalhador tem direito de se mobilizar e exigir melhores salários, melhores condições de vida e melhores condições de trabalho", concluiu.
Greve na Unirio
Os professores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) decidiram aderir à greve por tempo indeterminado a partir do dia 2 de maio. A decisão foi anunciada durante uma assembleia realizada no último dia 25. Em votação, 70 docentes foram favoráveis à deflagração da greve e outros 30 votaram pela manutenção do "estado de greve".
A Associação dos Docentes da Unirio (Adunirio) reivindica mais orçamento para as universidades, além de recomposição salarial, que varia de 22,71% a 34,32%, dependendo da categoria. A Adunirio também defende a ocupação do espaço público do campus em um paralisação unificada.
Os professores das universidades, institutos e centros federais de educação tecnológica iniciaram greve nacional no dia 15. No Rio, o movimento começou com a paralisação dos os servidores técnicos-administrativos em educação (TAE), responsáveis pelos setores de administração, de finanças e de recursos humanos.
Em meados de abril, professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) também aprovaram indicativo de deflagração de greve. No Cefet, as aulas estão suspensas desde quinta-feira. Na UFF, a paralisação começou no dia 29.
Já a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) permanecem em "estado de greve", avaliando o andamento das negociações da categoria com o governo federal.