Rio - A morte do personal Luis Felipe Alves do Nascimento, de 27 anos, baleado em uma tentativa de assalto na Praia do Flamengo, na Zona Sul do Rio, neste domingo (5), reacendeu o alerta de moradores para a segurança e fiscalização da região. Os últimos dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) registraram 616 roubos de rua - índice que inclui roubos a pedestres, celulares e em ônibus -, na área de atuação do 2º BPM (Botafogo), entre os meses de janeiro e março deste ano, com 65 casos a mais do que o mesmo período do ano passado.
Ao DIA, nesta segunda-feira (6), a fisioterapeuta Bebel Franklin, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Flamengo, Parque do Flamengo e Adjacências (Amafla), contou que a região vem sofrendo com um grande número de assaltos, principalmente por homens usando motos, como no caso do personal. Segundo Bebel, os criminosos se aproveitam de horários de pouca movimentação para abordar as vítimas.
"Estão ocorrendo muitos assaltos com essa pessoa de moto, que aparentemente é a mesma, por ruas do bairro. Infelizmente, o nosso bairro é a ponta da Zona Sul. A gente sabe que a violência está em todos os lugares, porém a gente tem menos segurança no Flamengo e Laranjeiras, como por exemplo, do que em Copacabana e Ipanema, que são bairros turísticos e de repente tem uma hotelaria maior. Infelizmente, nós temos que evitar ao máximo andar sozinho, não levar aparelho ou não ficar com ele na mão porque a maioria desses assaltos que estão ocorrendo é que os caras passam para pegar o telefone da pessoa", comentou.
De acordo com a presidente da associação, moradores dizem que é difícil fazer atividade física na região devido aos índices de assaltos. Franklin recomenda que as pessoas evitem horários que o céu esteja mais escuro, além de ficarem atentas pelos locais que passam.
"Está muito difícil mesmo fazer atividade física cedo ao ar livre em um parque maravilhoso como a gente tem. Tem que tomar cuidado com os horários, ainda mais agora no inverno, que estará mais escuro. Saia um pouco mais tarde, se puder. Se programe para não estar mais deserto. Esse horário de cinco e pouca da manhã é muito perigoso. Eles sabem que ainda não está no horário do Segurança Presente. É mais deserto e tem menos pessoas na rua. São todos os cuidados que a gente tem que ter porque infelizmente tem muitos assaltos", destacou.
Falta de fiscalização
Para Bebel, há uma deficiência no efetivo da Guarda Municipal e no número de fiscais de postura para ajudar na fiscalização e contribuir com a sensação de segurança na região. A fisioterapeuta disse que o número de agentes do Segurança Presente na área varia por dia e os órgãos municipais deveriam auxiliar os policiais.
"Em relação ao Parque do Flamengo, estamos com deficiência de Guarda Municipal e fiscal de postura, ambos ajudariam muito na sensação de segurança. O Segurança Presente é um projeto sensacional, porém a quantidade de servidores é flutuante, nem todos os dias temos a mesma quantidade de agentes e policiais em serviço. A PM também atua, mas a quantidade de infrações e irregularidades está tão grande que fica difícil. Muitas motos e veículos param no parque em local proibido, assim como nas ruas paralelas e adjacentes à praia, com placa apagada ou sem, andando na contramão e calçadas", contou.
A presidente da Amafla destacou que sabe que a atribuição para prender pessoas é das forças estaduais, mas entende que uma ação conjunta poderia diminuir o número de assaltos na região.
"São um conjunto de coisas. O que a gente tem hoje, que é muito falho, é a ausência da Guarda Municipal. Essas atribuições acabam caindo em cima do Segurança Presente ou até mesmo do próprio batalhão, que já tem um contingente reduzido. Sabemos que a atribuição de segurança para prender pessoas é do estado, porém, se a gente tem mais recursos nos termos das demandas municipais, que são o ordenamento, o controle urbano, a guarda municipal multando pessoas na contramão, ou até mesmo mais blitz, torna-se importante uma ação conjunta", afirmou.
O que dizem as autoridades?
Procurada pelo O DIA, a Polícia Militar informou que o combate aos roubos e furtos do patrimônio público e privado tem sido uma das principais metas de atuação do comando da corporação desde o ano passado.
"O comando do 2° BPM está atento à movimentação na região e está readequando a estratégia de policiamento no perímetro, empregando viaturas e motopatrulhas, além do reforço que conta o apoio de agentes do Regime Adicional de Serviço (RAS)", disse em nota.
Além disso, a corporação reforçou que o comando do batalhão vem trabalhando de forma conjunta com as delegacias da Polícia Civil para identificar e prender os criminosos envolvidos em tais delitos.
"Os agentes em motopatrulhas realizam um patrulhamento preventivo em todo o bairro. Um estudo elaborado pelo 2° BPM com o apoio do 1° Comando de Policiamento de Área (1° CPA), revelou que o índice de reincidência entre os envolvidos nas prisões realizadas pelo Batalhão de Botafogo é de 42%", acrescentou.
Por fim, a PM ressaltou que é de suma importância que a população colabore realizando denúncias - o telefone do Disque-Denúncia é (21) 2253-1177 - ou, para casos urgentes, faça o acionamento através da Central 190. Os registros em delegacias da Polícia Civil também são essenciais.
Já a Guarda Municipal informou que atua na região do Flamengo através do patrulhamento motorizado para auxiliar no ordenamento urbano e no trânsito, além de crimes de menor potencial ofensivo como ameaças. Em casos de casos com uso de arma de fogo, o trabalho é realizado pela Polícia Militar.
Morte de personal
Luis Felipe Alves do Nascimento, de 27 anos, foi baleado por criminosos em uma moto neste domingo (5) na Praia do Flamengo. Ele voltava junto com a namorada de um luau, por volta das 6h, quando foi abordado. Ele tentou defender a companheira e reagiu, sendo atingido por disparos.
O personal foi socorrido e levado em estado grave ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, ainda na Zona Sul do Rio. Segundo familiares, o homem morreu na noite deste domingo (5), mas o hospital só teria avisado sobre a morte na manhã desta segunda-feira (6) após o corpo ter sido encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
Através das redes sociais, a estudante Victória Mendes, namorada de Luis Felipe, lamentou a perda do companheiro. O casal estava junto há cinco anos.
"Eu te amei tanto. Cuidei tanto de você, mas não foi o suficiente para te manter do meu lado, aqui comigo. Queria tanto que você me acordasse desse pesadelo, que nada disso fosse verdade. Eu sempre vou te amar meu anjinho. Olhe por mim aí de cima, esteja sempre comigo, seja minha força para eu aguentar essa vida sem você. Eu te amo tanto. Sempre será o amor da minha vida. Obrigada pela sua vida ao meu lado. Pelos cinco anos mais felizes da minha vida, por ser o meu pilar. Eu queria te dizer tudo isso em vida, mas deixei essa oportunidade passar, mas eu sei que você sempre soube que eu te amava mais do que a mim mesma", escreveu Victória.
O caso inicialmente foi registrado na 9ªDP (Catete). No entanto, a partir da morte, foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Agentes da especializada realizam diligências para identificar e encontrar os suspeitos do crime.
Na tarde desta segunda (6), o Disque Denúncia divulgou um cartaz em busca de conseguir informações sobre os criminosos. Quem souber a identificação ou o paradeiro dos envolvidos na morte de Luiz Felipe, pode enviar uma denúncia de forma anônima através da Central de atendimento: (021) - 2253 1177 ou 0300-253-1177; do WhatsApp Anonimizado: (021) – 2253-1177; e do aplicativo Disque Denúncia RJ.
"Relatos de uma noite fazendo cardio no Aterro do Flamengo. Não é para amadores, cara. Paramos um pouco com a bicicleta e um cara falou: 'Passa o telefone'. Ainda bem que eu estava com o Filipe, porque ninguém vai roubar o Filipe. Não dá nem para andar de noite", lamentou ela, em um vídeo publicado no Instagram.
No último dia 25, um suspeito morreu após tentar assaltar um policial militar de folga, também no Aterro do Flamengo. Segundo a PM, o agente do 5º BPM, que também é fotógrafo, tirava fotos na avenida Infante Dom Henrique, próximo ao monumento Estácio de Sá, quando foi surpreendido por um homem em uma moto, identificado como Hudson Leandro de Moraes, de 27 anos.
Hudson era motorista de aplicativo e simulou estar armado, o que causou reação do PM, que atirou contra ele. O suspeito já tinha passagens pela polícia por roubo e, segundo a PM, outras quatro vítimas do acusado procuraram a corporação.
Em Botafogo, que também é área de atuação do 2º BPM, um jovem foi agredido com uma barra de ferro no dia 23 de abril durante um assalto. O homem contou que foi abordado por um grupo de quatro criminosos. Um dos suspeitos o imobilizou com um golpe conhecido como "mata-leão". Outro assaltante, que carregava um pedaço de ferro, bateu nas pernas da vítima. Apesar da violência, os ferimentos não foram graves, mas seu celular foi levado.
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