Rio - As investigações da Polícia Civil e da Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Petrópolis apontam para suspeitas de que Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 54 anos, foi assassinada e teve o corpo ocultado. A advogada foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, em um shopping no município da Região Serrana. Membros da mesma família, quatro envolvidos no crime foram denunciados por extorsão mediante sequestro e estão presos.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o mentor do crime era funcionário da vítima há cerca de três anos. Lourival Correa Netto Fadiga se apresentou como policial federal, mesmo não sendo, e passou a fazer a segurança pessoal da família, além de ter acesso irrestrito a cartões de crédito e senhas. Anic é esposa do professor Benjamim Cordeiro Herdy, 78, um dos filhos do falecido empresário José de Souza Herdy, fundador de um complexo educacional em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que deu origem à Unigranrio.
Conhecendo a rotina da advogada, Lourival arquitetou o crime com ajuda dos filhos, Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, e de uma mulher com quem mantinha um relacionamento amoroso. No dia desaparecimento, câmeras de segurança registraram a mulher deixando o carro dela no estacionamento de um shopping e entrando em um carro Jeep Compass preto. Em seguida, o veículo saiu do local e não foi mais visto. O sequestro de Anic só foi registrado em 14 de março, porque o então funcionário orientou a família a não procurar as autoridades.
Ainda segundo a denúncia, o marido, sem saber quem eram os sequestradores, chegou a pagar um resgate de aproximadamente R$ 4,6 milhões, mas a vítima não foi libertada. De acordo com as investigações, Lourival, os filhos e a mulher foram o beneficiários do valor e, no dia do pagamento, o grupo comprou um veículo de luxo avaliado em R$ 500 mil, pagos em dinheiro. Também foram adquiridos uma motocicleta e 950 celulares.
José também realizou mais de 40 transferências bancárias por orientação do funcionário, em contas indicadas por ele, para a compra de dólares, também para pagamento do resgate. Além das suspeitas de que a advogada foi assassinada e o cadáver ocultado, as investigações da 105ª DP (Petrópolis) e da Promotora continuam para verificar indícios de que o grupo ainda cometeu crimes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Procurada, a Polícia Civil informou que após investigações e um trabalho de inteligência, quatro suspeitos de envolvimento no crime de extorsão mediante sequestro contra a advogada foram identificados e presos. "O caso foi encaminhado ao Ministério Público, o grupo foi denunciado e a prisão foi convertida para preventiva". As investigações seguem para localizar a vítima e esclarecer todas as circunstâncias do crime.
Em nota, a defesa de Lourival afirmou que ainda não foi formalmente notificada da acusação e que "somente se manifestará perante o judiciário". O advogado Paulo Tostes disse ainda que "acredita que irá comprovar durante a instrução criminal que a acusação se deu de forma açodada e que os verdadeiros eventos não foram apurados, crendo na improcedência dos fatos atribuídos a seu cliente". Confira a íntegra ao final.
A defesa de Maria Luiza e Henrique afirmou que a prisão dos jovens é uma "medida que se mostra completamente descabida e desprovida de qualquer fundamento jurídico", uma vez que as investigações "não apresentaram nenhuma prova concreta que os incrimine. Ao contrário, todas as evidências colhidas apontam para a total inocência dos jovens", destacaram os advogados Vinícius Santos e Vinícius Frutuoso. Confira a íntegra ao final.
A reportagem do DIA tenta contato com a outra acusada. O espaço está aberto para manifestação. Anic é mãe de um casal e usava colete jeans e um vestido bege e amarelo nas últimas imagens antes do sequestro. O Disque Denúncia recebe informações pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; e por meio do aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.
Nota da defesa de Lourival Correa Netto Fadiga
"O advogado Paulo Vinícius Tostes, que patrocina a defesa de Lourival Correa Netto Fadiga, esclarece que ainda não foi formalmente notificado da acusação contra seu cliente em processo que tramita sob segredo de justiça. A defesa esclarece que estará tomando conhecimento e analisará todos os elementos de acusação e se houve cumprimento às formalidades legais, e somente se manifestará perante o judiciário eis que se vê impossibilitada de levantar questões importantes para o deslinde da causa, mas confia no Estado Democrático de Direito e nas instituições para garantirem a lisura e imparcialidade essenciais ao julgamento.
Ademais, afirma que pelo que se acompanhou durante o procedimento investigatório foram fatos meramente especulativos e baseados em meras suposições, além de não terem percorrido todos os caminhos de investigações necessários à real elucidação do caso. A defesa acredita que irá comprovar durante a instrução criminal que a acusação se deu de forma açodada e que os verdadeiros eventos não foram apurados, crendo na improcedência dos fatos atribuídos a seu cliente."
Nota da defesa de Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga
"O escritório de advocacia Frutuozo e Santos vem por meio desta nota oficial, enquanto responsáveis pela defesa dos jovens, MARIA LUIZA VIEIRA FADIGA e HENRIQUE VIEIRA FADIGA, manifestar nossa profunda preocupação e indignação com a prisão decretada contra os jovens, medida que se mostra completamente descabida e desprovida de qualquer fundamento jurídico. As investigações realizadas até o momento não apresentaram nenhuma prova concreta que os incrimine. Ao contrário, todas as evidências colhidas apontam para a total inocência dos jovens.
É inadmissível que, em um Estado Democrático de Direito, a liberdade de cidadãos seja cerceada de forma tão arbitrária e sem o devido processo legal. A prisão cautelar é medida de caráter excepcional, só deve ser aplicada em casos extremos, quando houver risco concreto de fuga do réu ou de comprometimento da ordem pública. A manutenção da prisão cautelar, além de ser um flagrante constrangimento ilegal, configura-se como uma grave violação dos direitos humanos básicos dos jovens, como a presunção de inocência e o direito à liberdade. A defesa acredita na inocência de MARIA LUIZA VIEIRA FADIGA e HENRIQUE VIEIRA FADIGA que será comprovado no curso da instrução processual."
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