Corpos dos pais foram incendiados no segundo andar da casa na Taquara, Zona Oeste do Rio. O caso teria ocorrido após um desentendimento entre os pais e o adolescenteGabriel Salotti

Rio - Os vizinhos do casal assassinado pelo próprio filho, de 16 anos, na Taquara, Zona Oeste do Rio, acreditam que adolescente já era conhecido pelo comportamento agressivo. Na madrugada desta sexta-feira (24), o jovem matou os próprios pais a marteladas e incendiou os corpos na casa onde viviam, na Estrada da Ligação. As vítimas eram Luis Cláudio Pinheiro e Mariana Valente, ambos de 58 anos.

"Passava aqui na rua, sempre meio pacato, tranquilo, não falava com muita gente. Jogava bola aqui no campo próximo, praticava jiu-jitsu com uns conhecidos meus, só que ultimamente ele andava meio agitado. Parecia nervoso. Passava olhando diferente e já não cumprimentava as pessoas. Mesmo assim não imaginávamos que poderia acontecer isso. Não imaginávamos que ele poderia ser capaz de fazer isso", disse Felipe Campos, 32 anos, vizinho da família.

Segundo o organizador de eventos, o crime parece ter acontecido depois de um desentendimento entre o adolescente e os pais: "Ficamos surpresos. Ninguém entendeu nada. Parece que ele queria ir para a aula de jiu-jitsu e os pais não queriam. É o que dizem que motivou. Mas é estranho porque parece que eles se davam bem".

De acordo com a Polícia Militar, foi o próprio adolescente que ligou para a corporação e para o Corpo de Bombeiros durante a madrugada.

O comerciante e vizinho do casal Valter Junior, 53 anos, disse que o adolescente era filho de criação das vítimas, mas que não havia nenhum tratamento diferenciado. Apesar da aparente boa relação com a família, o vizinho revela que também percebia atitudes agressivas por parte do menor.
"Era um garoto tranquilo, sempre evitava de ficar olhando. Passava e só dava bom dia e boa tarde. Recentemente aconteceu uma briguinha com um amigo por causa de chinelo. Conversei com ele que não era assim e que não podia brigar. Mas ele estava muito violento, sendo que eram as pessoas que instigavam ele. Parece aquela coisa do mal mesmo. O inimigo seguindo ele e perturbando ele na rua", relatou.

Para o comerciante, a estratégia de colocar o adolescente no jiu-jitsu teria sido justamente para tentar minimizar as atitudes agressivas dele. "Claudio colocou ele no jiu-jitsu justamente para acalmá-lo. Nunca foi maltratado e sempre recebeu melhor educação possível. Estamos em estado de choque com tudo isso", disse.
A aparente piora no comportamento do jovem também foi percebida por outra vizinha. Jussara Martins Cabral, 61 anos, dona de um bar próximo à casa das vítimas, contou que o adolescente sempre foi explosivo, mas essas atitudes se acentuaram nos últimos meses. 

"Ele sempre teve esse perfil meio agressivo. Era uma criança agressiva. Eles brincando juntos sempre tinha confusão e ele se demonstrava agressivo o tempo todo. As crianças brincavam, mas a gente sempre ficava preocupada e prestando atenção na reação dele", lembrou. 
Caso é investigado pela polícia
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 18º BPM foram acionados para verificar uma ocorrência de duplo homicídio.O caso foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios de Capital (DHC).
Procurada, a Polícia Civil informou que o adolescente foi conduzido por policiais militares à unidade e apreendido em flagrante pelo crime. Os agentes vão ouvir testemunhas e realizar demais diligências para esclarecer todos os fatos e a motivação dos assassinatos.