Anic Herdy foi vista pela última vez entrando no carro de Lourival Fadiga, no dia 29 de fevereiroDivulgação

Rio - A Polícia Civil descobriu que as mensagens da negociação para o resgate milionário da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 54 anos, partiu de um celular cadastrado no nome do marido da vítima, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos. Segundo as investigações, o aparelho estava sendo usado por  Lourival Correa Netto Fadiga, o Gordo ou Fatica, apontado como mentor do sequestro. Benjamin, então, foi extorquido por um celular que ele mesmo adquiriu para que a família usasse durante as viagens que faziam. 
Anic Herdy foi vista pela última vez em um shopping de Petrópolis em fevereiro deste ano - Reprodução
Anic Herdy foi vista pela última vez em um shopping de Petrópolis em fevereiro deste anoReprodução
"As mensagens dos supostos sequestradores partiram do telefone celular cadastrado em nome de Benjamin. Restou demonstrado nas investigações que o referido chip estava com Lourival", diz um trecho da denúncia da 105ª DP (Petrópolis), responsável por esclarecer o crime. 
Às 20h30 do dia 29 de fevereiro, depois do desaparecimento de Anic, Benjamin Herdy passou a receber ameaças por meio de mensagens de texto dos sequestradores e pedidos de resgate. Ao todo, foi pedido R$ 4,6 milhões, posteriormente pagos em dinheiro e em moedas de bitcoins. Durante a troca de mensagens, os criminosos falaram para Benjamin não avisar à polícia sobre o sequestro e orientaram ele a pedir ajuda de Lourival.
"1- Não fale com ninguém. 2- Não envolva a polícia. 3- Providencie R$ 4,6 milhões. Você tem até segunda. Não haverá segunda chance. Só vou entrar em contato novamente na segunda para marcar o ponto de troca. Só para te lembrar que estou vendo sua casa pelas câmeras do celular dela. Se desligar, já sabe. Seu carro está com rastreador, então não faça bobagem", escreveu o suposto sequestrador. 
Neste mesmo horário a conexão do referido chip que está no celular cadastrado no nome de Benjamin aponta uma antena localizada em Guapimirim, bem próximo à estrada Rio-Teresópolis. Na quinta-feira (23), a Polícia Civil esteve em um sítio no município para fazer buscas por Anic. O trabalho teve o apoio de cães farejadores, mas os animais não conseguiram rastrear vestígios da vítima, que está desaparecida desde o dia 29 de fevereiro.
Apontado como amante da vítima, Lourival está preso por supostamente ter sido o mentor do desaparecimento da mulher. Ele era segurança pessoal da família há cerca de três anos, após se apresentar como policial federal, mesmo não sendo. Ele tinha acesso irrestrito a cartões de crédito e senhas da família. Além de Lourival, também estão presos outras três pessoas do convívio de Lourival. São eles: 
- Henrique Vieira Fadiga, filho de Lourival, é acusado de participar da compra dos dólares para o pagamento do falso resgate. Ele também esteve com o pai e a irmã, Maria Luíza Vieira Fadiga, na concessionária na Barra da Tijuca para comprar o veículo de luxo.
- Maria Luíza Vieira Fadiga, filha de Lourival, também compareceu à concessionária e o veículo de R$ 500 mil foi colocado em seu nome. Ela é acusada de lavar o dinheiro do sequestro em uma loja de conserto de celulares. O estabelecimento em questão iniciou as atividades logo após o sequestro. Ainda segundo a denúncia, Maria Luíza também ficou responsável por negociar o recebimento dos 950 celulares comprados pelo pai no Paraguai.
- Rebecca Azevedo dos Santos, amante de Lourival, é acusada de ter viajado para Foz do Iguaçu para intermediar a compra dos quase 1 mil celulares com uma pessoa do Paraguai. Para a Polícia Civil, Rebecca teria abrigado Lourival logo após o sequestro e ajudou a ocultar as provas do crime. Além disso, o celular dela foi rastreado pelos investigadores, que descobriram que a mesma manteve contato com Lourival minutos depois de Anic entrar no veículo do amante.