Manifestantes levaram cartazes para o protesto na Praça do ÓPedro Teixeira / Agência O Dia

Rio - Moradores do Jardim Oceânico, na Zona Oeste do Rio, realizaram uma manifestação por conta dos casos de envenenamento de cães na região. O grupo com cerca de 20 pessoas se reuniu na Praça do Ó, por volta das 14h desta sexta-feira (14), e entregou panfletos em condomínios com objetivo de conscientizar sobre o risco de jogar pesticidas nos canteiros e contaminar crianças e animais.
Segundo os moradores, 40 cães do bairro foram envenenados no último mês, sendo que seis teriam morrido e, até o momento, quatro casos foram denunciados à Polícia Civil. Ao longo da caminhada, eles gritavam "veneno mata". De acordo com um dos manifestantes, o porteiro de um edifício respondeu: "se algum cachorro fizer cocô aqui na portaria, eu boto chumbinho mesmo". O grupo, então, retornou ao prédio para tirar satisfação, mas o funcionário voltou atrás e disse que, se algum animal fizesse as necessidades no local, ele apenas limparia.
O ato contou com o apoio de parlamentares engajados na causa animal. Durante o protesto, o vereador Marcos Paulo (PT) destacou um projeto de lei que proíbe a colocação de veneno em áreas públicas da cidade, principalmente para evitar acidentes e casos de intoxicação ou envenenamento. 
"Negociamos com o presidente da Câmara e, semana que vem, o projeto entra em pauta para que seja apreciado e votado. Essa manifestação dos moradores é muito importante, porque, com os panfletos e abordando as pessoas, está conscientizando para que, principalmente, síndicos e porteiros não coloquem veneno de forma descabida em canteiros, na rua", avaliou o vereador.
Nesta segunda-feira (10), tutores de cães que podem ter sofrido envenenamento no Jardim Oceânico estiveram na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) para prestar depoimento. Os episódios aconteceram entre 5 e 8 de maio, depois que os animais voltaram de passeios pelas ruas do bairro.
A situação ganhou repercussão depois da morte da cadela Mel, de 11 anos, após dois dias do início dos sintomas do envenenamento. A cachorrinha chegou a voltar para casa da família com quem vivia há dez anos, mas não resistiu. A tutora Juliana Salinas conta que os veterinários apontaram que ela não precisou ingerir a substância tóxica, já que apenas inalar foi suficiente para o envenenamento.
Ainda de acordo com Juliana, outros cinco animais já haviam morrido na região antes de Mel, mas os donos não haviam relacionados os casos com um envenenamento. Outros 40 cachorros também apresentaram quadros de intoxicação, com vômito e dores abdominais, e o diagnóstico da maioria deles é de pancreatite, peritonite e gastrite severa e até hemorrágica.
Os casos estão sendo investigados pela DPMA. Além dos depoimentos, a especializada analisa imagens de câmeras municipais de monitoramento disponibilizadas pelo Centro de Operações Rio (COR).