Ana Carla Rodrigues diz esperar que a justiça seja feitaArquivo Pessoal

Rio - Angústia, sofrimento e uma dor que parece não ter fim. Esses são alguns sentimentos dos familiares do motoboy Alan Rodrigues Sales, de 22 anos, morto após uma discussão com um taxista em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Nesta sexta-feira (14) completam 14 dias que o rapaz morreu e, até agora, o inquérito do caso não foi concluído. 
Para a mãe de Alan, a Ana Carla Rodrigues, de 47 anos, a aflição se tornou maior ao ver as imagens gravadas de dentro do veículo pilotado pelo taxista Eduardo Henry Nogueira Gripp naquela noite. O vídeo foi disponibilizado pelo próprio suspeito à Polícia Civil. 
"Eu fiquei desesperada vendo aquela imagem, vendo meu filho acenando para que ele parasse, encostasse pra resolver. E ele não pensou em nenhum momento, foi frio, bateu no meu filho e seguiu. Cada dia que passa dói mais saber que perdi meu filho desse jeito", desabafa. 
A matriarca, que trabalha como agente administrativa e tem mais dois filho, conta que a vida parou no dia 31 de maio. Agora, tudo que ela espera é que o inquérito do caso seja concluído. 
"Eu quero que a justiça seja feita. Eu sei que não vai trazer meu filho de volta, mas ele [taxista] tem que pagar pelo que fez. Ele podia ter parado, podia ter ido pra uma delegacia e comunicado do acidente, mas ele não fez isso. Me dói saber que meu filho não está mais aqui e a pessoa que causou tudo isso está por aí livre", aponta. 
O técnico em logística Renan Rodrigues, de 37 anos, primo da vítima, acredita que o caso possa se desenrolar nos próximos dias. Ele afirma que a família não vai descansar até que as investigações sejam concluídas. 
"A gente espera que a Polícia Civil faça o trabalho dela. É triste você viver em um estado onde a Justiça, infelizmente, tem muitas brechas. Você vê um assassino cometer um crime e no dias dos namorados, ele tá em casa. A gente quer justiça e temos certeza que essa justiça será feita. A gente vai até o final", diz o familiar.
Depoimento do taxista
Eduardo Henry Nogueira Gripp, investigado por provocar o acidente que matou Alan, disse em depoimento que não socorreu a vítima e fugiu do local porque ficou com medo de ser linchado por grupos de motociclistas. O caso é investigado pela 20° DP (Vila Isabel).
O suspeito também afirmou que o ato foi um acidente, e que não tinha pretensão de causar nenhum mal ao motoboy. Ele disse ainda que vem recebendo ameaças de morte e que vários grupos estão aparecendo em frente a sua casa, gritando 'assassino'. 
Logo após prestar depoimento, Eduardo Henry Nogueira Gripp foi liberado. A Polícia Civil informou que os laudos periciais estão sendo analisados e agentes realizam outras diligências para a conclusão do inquérito.
A equipe de reportagem tenta localizar a defesa de Eduardo Henry Gripp, o espaço segue aberto para manifestações. 
Relembre o caso
Segundo testemunhas, Alan estava trabalhando como entregador quando, após uma discussão, foi perseguido pelo taxista, que provocou o acidente que matou o jovem. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas encontrou a vítima já sem vida. Depois do crime, que aconteceu no dia 31, policiais militares do 6° BPM (Tijuca) encontraram o táxi na Rua Barão de Mesquita e, no sábado (1º), motociclistas fizeram um protesto em frente ao estabelecimento.
Jovem e cheio de sonhos, a família conta que Alan era um rapaz simples e querido por todos. Ele morava com os pais e dois irmãos em Vila Isabel, sua renda vinha do trabalho de motoboy, área em que atuava já há cinco anos.
O corpo do motoboy foi sepultado no domingo (2), no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, na Região Central, e a despedida teve fogos, cartazes e pedidos de justiça. O funeral contou com a presença de motociclistas que chegaram ao cemitério com a motocicleta da vítima, que ficou estacionada em frente ao local. O jovem era motoboy há cinco anos e vivia com os pais e dois irmãos em Vila Isabel.