Rafael Wolfgramm Dias, 37 anos, morreu na noite de domingo (16)Divulgação

Rio - Rafael Wolfgramm Dias, 37 anos, sargento do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), era militar há 16 anos. Ele é o segundo agente morto após ser baleado durante operação no Complexo da Maré, na Zona Norte, e deixa mulher e um filho. Na ação, outros quatro suspeitos morreram e 24 foram presos.
Internado desde a última terça-feira (11) no Hospital Federal de Bonsucesso, Wolfgramm morreu no fim da noite de domingo (16). Flamenguista e morador de Itaguaí, na Região Metropolitana, nas redes sociais ele colecionava fotos com o filho e amigos. Orgulhoso da profissão, o PM também já atuou no Programa Segurança Presente da sua cidade.
Durante a manhã desta segunda-feira (17), a mãe do PM, Irenilda Wolfgramm, e um amigo, Luciano Cerqueira, estiveram no Instituto Médico Legal do Centro para realizar a liberação do corpo. No local, muito abalados, os dois usavam uma camisa em homenagem ao sargento.
Em toda sua internação, familiares organizaram campanhas para doação de sangue, além de mobilizarem correntes de oração pela recuperação do agente.

Ainda nas redes sociais, amigos lamentaram a morte. "Você foi forte, nós vimos o quanto você estava ali, lutando pela sua vida, com anseio de voltar para casa. Deus é fiel e sabe de todas as coisas, sei que você recebeu nossas orações naquele hospital, sei que Deus estendeu os braços a você. Lembraremos de você assim, um homem forte e guerreiro! Te conheço desde criança, e sei o cara amigo e parceiro que você é. Um cara alegre, que ia treinar todo dia e me dava oi, um cara que tinha amor pela profissão, que amava a vida", disse uma amiga.
"Descanse em paz guerreiro! Lutou muito, mas infelizmente perdemos o guerreiro do Bope baleado no Complexo da Maré. Meus sentimentos aos familiares e amigos. Infelizmente começamos o dia com a triste notícia da partida do companheiro do Bope baleado no Complexo da Maré", comentou outro.
O sepultamento de Rafael está marcado para às 14h30 desta terça-feira (18) no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
Ataque aos PMs
Segundo a Polícia Militar, a operação tinha o objetivo de localizar e prender criminosos envolvidos em roubos de veículos nas vias expressas na região do Complexo da Maré. Na ocasião, agentes do Bope realizavam patrulhamento em busca do esconderijo das lideranças do grupo criminoso, quando foram atacados por homens armados que atiraram contra a equipe. O sargento Jorge Galdino Cruz, de 32 anos, morreu na ação, enquanto o Wolfgramm e outro agente ficaram feridos.
Segundo investigações, o ataque aos policiais foi ordenado por líderes do Terceiro Comando Puro (TCP), que domina parte das comunidades da Maré. Na ocasião, os agentes ficaram encurralados em uma casa, onde o sargento Jorge Galdino foi baleado e morto. Um áudio que circulou nas redes sociais revelou o momento do ataque: "Três canas ali, vamos quebrar a casa com eles dentro. Não vai sair da casa, filha da p*", gritou um dos criminosos.

Entre as lideranças do tráfico à frente da ordem está Thiago da Silva Folly, o TH. Ele é considerado também um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, tendo 16 mandados de prisão expedidos por homicídios, assaltos e tráfico de drogas. De acordo com as investigações da Polícia Militar, os policiais do Bope conseguiram chegar bem próximo do esconderijo usado por TH na Comunidade do Timbau, na Maré.

Ao decorrer das investigações, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) identificou dois suspeitos diretamente responsáveis pelo ataque aos agentes do Bope, sendo Ronald de Souza Gomes, conhecido como Titi ou Titio do Adeus, e Luciano Candido Crispim, o Pitbull. Eles são suspeitos de atuarem como seguranças de líderes da facção. Titi, por exemplo, responde diretamente ao TH, que foi identificado como o autor do áudio gravado durante o ataque.