Rafael Wolfgramm foi baleado durante a operação no Complexo da MaréRede Social

Rio - O sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Rafael Wolfgramm Dias, baleado no Complexo da Maré, na Zona Norte, morreu na noite de domingo (16) depois de cinco dias internado no Hospital Federal de Bonsucesso, na mesma região. Na ocasião em que foi atingido, outras cinco pessoas morreram, entre elas o policial militar Jorge Galdino Cruz, de 32 anos.

Rafael chegou a passar por cirurgia e permaneceu em estado grave na maior parte de sua internação. Nas redes sociais, familiares e amigos organizaram campanhas para doação de sangue, além de mobilizarem correntes de oração pela recuperação do agente. Ele será enterrado na tarde desta terça-feira (18) no Cemitério Jardim da Saudade, de Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
Durante a manhã desta segunda-feira (17), a mãe do PM, Irenilda Wolfgramm, e um amigo, Luciano Cerqueira, estiveram no Instituto Médico Legal do Centro para realizar a liberação do corpo. No local, muito abalados, os dois usavam uma camisa em homenagem ao sargento.


Segundo investigações, o ataque aos policiais foi ordenado por líderes do Terceiro Comando Puro (TCP), que domina parte das comunidades da Maré. Na ocasião, os agentes ficaram encurralados em uma casa, onde o sargento Jorge Galdino foi baleado e morto. Um áudio que circulou nas redes sociais revelou o momento do ataque: "Três canas ali, vamos quebrar a casa com eles dentro. Não vai sair da casa, filha da p*", gritou um dos criminosos.

Entre as lideranças do tráfico à frente da ordem está Thiago da Silva Folly, o TH. Ele é considerado também um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, tendo 16 mandados de prisão expedidos por homicídios, assaltos e tráfico de drogas. De acordo com as investigações da Polícia Militar, os policiais do Bope conseguiram chegar bem próximo do esconderijo usado por TH na Comunidade do Timbau, na Maré.

Ao decorrer das investigações, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) identificou dois suspeitos diretamente responsáveis pelo ataque aos agentes do Bope, sendo Ronald de Souza Gomes, conhecido como Titi ou Titio do Adeus, e Luciano Candido Crispim, o Pitbull. Eles são suspeitos de atuarem como seguranças de líderes da facção. Titi, por exemplo, responde diretamente ao TH, que foi identificado como o autor do áudio gravado durante o ataque.

Na operação, que aconteceu no último dia 11, 24 suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas na região foram presos. Entre os detidos, sete são naturais de Minas Gerais, dos quais cinco estavam foragidos da Justiça. Ainda durante a ação, um ônibus foi incendiado e uma carreta foi atravessada em vias importantes que margeiam as comunidades do Complexo da Maré, como a Avenida Brasil e as Linhas Vermelha e Amarela, provocando a interdição temporária do trânsito.
Ao todo também foram apreendidos 11 fuzis, uma metralhadora antiaérea, cinco pistolas, uma espingarda calibre .12, seis carros roubados, duas motos e drogas. Segundo a PM, um esconderijo usado por traficantes do TCP também foi localizado no interior da comunidade. As drogas e os armamentos foram encaminhados à 21ª DP (Bonsucesso). Os veículos recuperados foram rebocados até o pátio do 22° BPM (Maré).