Embarcação filmada pelos pescadores na costa da praia da Barra da TijucaArquivo Pessoal

Rio - Um grupo de pescadores denunciou, nesta segunda-feira (17), uma pesca predatória a cerca de 100 a 200 metros da costa da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na altura do Quebra-Mar. Em conversa com o DIA, o presidente do Instituto Núcleo Maré (Inmar), Marcio dos Santos, explicou que a prática da pesca de arrasto na região atrapalha a migração das baleias e afeta tanto as atividades de pescadores artesanais quanto a vida marinha de animais que não poderiam ser pescados.
"[Pesca de arrasto] causa um deserto no oceano, pesca peixes em período de desova, leva as redes pequenas dos pescadores. Para a fauna marinha, o prejuízo também é gigantesco, porque leva tudo: tartaruga, golfinho, o que tiver na reta... A costa do Rio é caminho natural de baleias jubarte, rota migratória. Com as grandes embarcações, isso vai interromper e elas vão mudar de rota por causa da movimentação, do barulho. Não é a primeira vez, são reincidentes. A fiscalização é quase nula", explicou Marcio.
O vídeo foi gravado pelo pescador Marcelo dos Santos na manhã desta segunda-feira e publicado pelo Inmar. Cerca de cinco horas após a postagem, as imagens já contavam com mais de 100 mil visualizações. A gravação mostra a embarcação realizando a pesca de arrasto, que é feita com redes de grande porte com objetivo de arrematar os peixes em uma escala industrial, sem seguir as normas do que pode ser pescado ou não.
Veja o vídeo
"Está todo mundo querendo ver as baleias, mas ninguém está preocupado com os problemas que as baleias estão enfrentando. Essas embarcações estão exatamente na rota delas. Todos querem assistir ao espetáculo, mas a fiscalização ficou para depois. Não é sensacionalismo, é um problema real. É um perigo para as baleias", lamentou Marcio.
Perguntada sobre a fiscalização, a Marinha do Brasil informou que, no último dia 5, libertou uma baleia que havia ficado presa nas redes de pesca na praia de Ponta Negra, em Maricá. "A Marinha incentiva e considera fundamental a participação da sociedade. As contribuições podem ser feitas pelos seguintes telefones: 185 (emergências marítimas e fluviais, além de pedidos de auxílio), (21) 2104-5480 e (21) 97299-8300 (contato direto com a CPRJ para outros assuntos, inclusive denúncias)", comunicou.