Manifestação cobrou justiça para vítimas de lgbtfobia Renan Areias/ Agência O Dia
Os autores foram identificados e indiciados inclusive pelo crime de transfobia, informou o delegado Bruno Ciniello, titular da delegacia da Lapa, sem, no entanto, informar quantas pessoas foram indiciadas pelo crime. Em janeiro, onze seguranças foram intimados a depor.
Na madrugada daquela sexta-feira, três mulheres que aproveitaram a noite de samba foram vítimas de chutes e empurrões. Segundo testemunhas, a violência contra as três teve início após a percepção de que seriam pessoas trans, apesar de uma das mulheres ser cisgênero.
Inicialmente, as vítimas relataram terem sido tratadas como suspeitas, mas o inquérito virou e o caso passou a ser investigado como crime de transfobia. Uma testemunha filmou o momento em que seguranças da casa espancaram as mulheres caídas no chão. A partir da divulgação do vídeo, o Casarão Firmino reconheceu o ocorrido, antes tratado pelo espaço como um boato. O dono do espaço, José Carlos Firmino, que estava no interior do estabelecimento durante o crime, afirmou que os seguranças mentiram para ele sobre o espancamento. O Casarão anunciou o afastamento de toda a equipe e mais rigor nas contratações.
O caso teve ampla repercussão em entidades que defendem direitos LGBTs no Rio de Janeiro. Ativistas organizaram um ato que começou na Cinelândia e foi até o local do espancamento para reivindicar o fim da violência contra a população LGBTQIA+ na Lapa.
Rodas de samba que se apresentam no Centro também se mobilizaram contra a transfobia no samba e produziram uma cartilha de compromisso com os movimentos sociais. Foram estruturadas sete recomendações para que a população LGBTQIAPN+ e outros grupos fiquem seguros e acolhidos nas rodas de samba. "O samba sempre foi um espaço de aquilombamento e resistência mas que também reproduz machismo, racismo, lgbtifobia e outras opressões. Sambar é direito de todas, todos e todes", diz um trecho da cartilha.
Em maio deste ano, o dono do Casarão do Firmino, José Carlos Firmino Júnior, chegou a ser preso por sete dias em uma operação da Polícia Civil, mas por outro motivo. Ele possuía um mandado de prisão preventiva expedido pela 10ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE) por conta de um crime de receptação de um caminhão roubado e pela venda de peças do veículo. O roubo do veículo aconteceu em 2009 no Recife, capital de Pernambuco. Firmino já havia sido sentenciado pelo crime em um processo de outra comarca e a nova prisão foi considerada irregular.
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