Jornalista Ricardo Lyra Ribeiro é diretor executivo do Jornal Corporativo e Nação BrasilReprodução

Rio - O jornalista preso em uma operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas, nesta quarta-feira (19), já foi premiado com o Troféu Dom Quixote da Imprensa, da revista Justiça e Cidadania. Desde 1999, a honraria é entregue às personalidades "que mais se destacam em defesa da ética, justiça e dos direitos da cidadania". Contra Ricardo Lyra Ribeiro havia um mandado de prisão preventiva e ele foi localizado em uma casa próxima à comunidade da Divineia, no Andaraí, Zona Norte. 
Na manhã de hoje, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) apoiou, na capital fluminense, o Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc) do Paraná, na segunda fase da Operação Carga Fria, contra uma organização criminosa responsável pela distribuição de drogas do estado para o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Segundo as investigações, Ricardo é apontado como responsável pela contabilidade e gerência das contas bancárias do esquema criminoso. Na casa dele, foram apreendidos uma mala com dinheiro, três veículos, sendo dois deles de luxo, da marca BMW, e uma pistola.
Ricardo recebeu o troféu no dia 11 de agosto de 2015, em uma cerimônia no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), no Centro, junto com outros 17 jornalistas de outros veículos. Na ocasião, o então presidente do TJ, Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, disse que o prêmio representava a "democracia e o ideal republicano" e o desembargador Marcus Faver, à época diretor da Confraria Dom Quixote de La Mancha, destacou que reverenciava "a virtude e a honra dos profissionais que trabalham para um país melhor".
O jornalista é diretor executivo do Jornal Corporativo e Nação Brasil. Em um perfil nas redes sociais, ele se apresenta como membro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e diz que atua "há muitos anos no jornalismo econômico, jurídico e político, cobrindo os principais movimentos no Rio de Janeiro, Brasil e no Mundo". Ele afirma ainda ter fundado, em 2001, uma agência especializada em Publicação Legal de companhias enquadradas na obrigatoriedade da Lei das Sociedades Anônimas. 
Ricardo também afirma  em seu perfil que fundou o Jornal Corporativo em 2008, do qual é presidente, "com objetivo de resgatar para o Rio de Janeiro raízes do jornalismo econômico e político". Entre os anos de 2012 e 2014, ele afirma ter criado ainda seu próprio parque gráfico, a Associação Sul Fluminense de Jornais (ASFJ), da qual também é presidente, e o jornal Nação Brasil, "com linha editorial focada em ser a voz do não contra a desconstrução das familias e dos valores", descreve. 
A reportagem do DIA tenta contato com a defesa de Ricardo Lyra Ribeiro. O espaço está aberto para manifestação.
Operação no Rio e outros quatro estados
A segunda fase da Operação Carga Fria cumpriu 11 mandados de prisão preventiva, 21 de busca apreensão, além de 37 bloqueios de valores em contas bancárias e o sequestro de 17 veículos, entre caminhões e carros, no Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo. Na capital fluminense, a Core atuou na região do Grajaú e do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, além de no Morro do Fallet-Fogueteiro, entre o Rio Comprido e Santa Teresa, na Região Central, onde um traficante armado com um fuzil foi baleado e acabou morrendo. A arma foi apreendida.
Além do Rio e Paraná, a ação também realizou buscas em municípios de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, contra membros da organização criminosa, suspeitos de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. Além do jornalista, um policial civil de São Paulo, afastado na primeira fase da operação, teve a prisão preventiva decretada. Um homem com naturalidade paraguaia também foi alvo. 
As investigações descobriram que a distribuição das drogas era feita a partir de caminhões de cargas frigorificadas, por conta da dificuldade de fiscalização delas, uma vez que o rompimento do lacre pode comprometer o produto armazenado. Os valores obtidos com a venda de drogas era lavado a partir da aquisição de bens móveis, imóveis e ouro. Os chefes da organização criminosa ostentavam padrão de vida elevado, com apartamentos e casas de alto padrão, viagens, carros luxuosos e veículos aquáticos. Em quatro anos, os criminosos movimentaram mais de R$ 100 milhões.