Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, é denunciado por falta de obstetra em partoDivulgação
Após laudo, mãe de bebê morto no parto pede que Hospital da Mulher seja responsabilizado
Perícia complementar indicou que a criança morreu por asfixia perinatal após período expulsivo prolongado no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart
Rio - A perícia da Polícia Civil apontou que a bebê Cecília, que morreu durante o parto no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, em janeiro deste ano, faleceu por asfixia perinatal após período expulsivo prolongado. Ainda de acordo com o laudo complementar, houve sofrimento fetal agudo durante o procedimento. Inicialmente, a certidão de óbito fornecida pela unidade de saúde apontou a causa da morte como asfixia perinatal, em decorrência de diabetes materno. A família chegou a contestar o resultado na época.
Renato Gonçalves e Monique Silva, pai e mãe de Cecília, denunciaram o caso à 64ª DP (São João de Meriti) e acusaram o hospital de negligência médica. Os pais dizem que não havia obstetra na sala de parto, fato este confirmado pelo próprio hospital, e que houve demora no parto.
Ao DIA, Monique disse que já esperava por esse resultado, já que a filha não apresentou nenhum problema durante a tão sonhada gravidez. "A minha filha estava perfeita e com saúde. Ela não tinha nenhum problema que levasse ela ao óbito. Agora esperamos que a justiça seja feita. Eles [o hospital] precisam ser punidos e responsabilizados para que outras famílias não passem o mesmo que eu e minha família estamos passando. É uma dor que nunca vai passar", desabafou Monique.
Cinco meses depois do episódio traumático, Monique conta que os dias ainda são bem difíceis, mas que está disposta a acompanhar de perto a investigação até que o caso seja resolvido. "Eu nunca imaginei viver o luto da minha filha. Nós estávamos todos ansiosos por sua chegada", completa ela.
Ainda segundo a família do bebê, o hospital não ofereceu nenhum tipo de suporte a eles desde janeiro. "Em nenhum momento o hospital veio nos dar suporte. A administração não quis nem falar conosco, só falou depois que os policiais apareceram no local", conta Monique.
A 64ª DP já ouviu, até o momento, testemunhas, dentre elas funcionários do hospital. O caso segue em investigação na distrital.
À época do ocorrido, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) abriu uma sindicância para apurar o que aconteceu durante o plantão que terminou na morte da menina. Por meio de nota, a direção do hospital explicou que o parto não era considerado de risco e que o diagnóstico de diabetes gestacional não contraindica o parto natural, "o que é expressamente descrito pelo protocolo do Ministério da Saúde".
O hospital também confirmou que o parto não foi assistido por uma obstetra, somente por uma enfermeira obstétrica. "A paciente Monique Fabrícia Silva de Souza foi devidamente assistida. O parto vaginal ocorreu à 01h10 de 14/01/24 com assistência de enfermeira obstétrica, profissional apta a este procedimento, mesmo sem a presença de um obstetra. Porém, o bebê nasceu sem batimentos audíveis e não respondeu às manobras de reanimação. Segundo a direção, no dia do atendimento à paciente a equipe médica de seis obstetras de plantão estava completa", disse em nota.
Procurado novamente, nesta quarta-feira (19), para comentar sobre o laudo, o hospital ainda não se pronunciou. O espaço está aberto para manifestação.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.