Rio - O município do Rio de Janeiro anunciou um “protocolo de calor” para monitorar as temperaturas e alertar a população em dias de calor extremo. As medidas foram apresentadas nesta sexta-feira (28), durante uma coletiva de imprensa no Centro de Operações Rio (COR).
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Para a tomada de decisões, o Centro de Inteligência Epidemiológica da Secretária Municipal de saúde (CIE-SMS) terá como base o monitoramento em tempo real e as previsões.
Os estágios de calor serão divididos em NCs, que significam níveis de calor. Os índices vão de 1 a 5 em ordem crescente de risco. De acordo com a classificação, NC1 significa 'sem previsão de altos índices de calor'. Já NC2 é a previsão ou registro de 'altos índices de calor' por um ou dias consecutivos.
Em NC3, há registro de 'índices de calor alto', com previsão de permanência ou aumento por, ao menos, três dias consecutivos.
“Esse parâmetro é o seguinte, quando a gente perceber que o registro de calor muito alto tem uma previsão de permanência e aumento por ao menos três dias consecutivos, é uma hora que começamos a ter impacto na saúde”, explicou o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Quando os parâmetros chegarem em NC4, que significa ‘Índices de Calor Muito Altos’ e em NC5, que indicam ‘Índices de Calor Extremo’ a prefeitura vai colocar algumas medidas em prática, como cancelamento de eventos e divulgação de protocolos de segurança.
O novo protocolo foi baseado no chamado Índice de Calor (IC), indicador técnico internacional que utiliza as variáveis temperatura e umidade relativa do ar. O NC4 é caracterizado por IC entre 40°C e 44°C, durante 4 horas diárias, por 3 dias consecutivos. Já no NC5 o IC está acima dos 44°C durante 2 horas diárias.
“Esses parâmetros são extremamente importantes, porque a partir deles a gente consegue monitorar a progressão desses índices de calor. Quando a gente entra em um índice extremo, acima de 44°C, com o indicador de calor, duas horas por dia, já é considerado onda de calor. Essas ondas de calor causam estresse térmico corporal. A gente está aqui para salvar vidas”, explicou o chefe-executivo do COR e coronel do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), Marcus Belchior.
A prefeitura informou que os produtores de eventos serão avisados sobre o protocolo de calor no Rio.
As ondas de calor vão receber nomes, que já foram previamente escolhidos, seguindo um protocolo da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Ao todo, foram selecionados 10 nomes por ano até 2028, de modo que a cada onda de calor que ocorrer no Rio, uma nova nomenclatura será utilizada.
Confira as Ações de Adaptação:
Em NC4:
- Indicação dos locais das 'ilhas de resfriamento', que são espaços públicos arborizados ou com menor índices de calor.
- Ampliação da oferta de estações de hidratação ou distribuição de água em locais de acolhimento das populações vulneráveis.
Em NC5, além de todas as medidas adotadas no estágio anterior, também serão implementadas:
- Suspensão das atividades de risco ao ar livre
- Divulgação de boletins meteorológicos a cada 6 horas
- Divulgação de boletim epidemiológico em até 72 horas após o fim da onda de calor.
- Possibilidade de cancelamento ou reagendamento de eventos de médio e grande porte.
- Possibilidade de suspensão de atividades realizadas em áreas externas para transferência para espaços sombreados ou internos.
Paes cita show da cantora Taylor Swift
Durante a coletiva de imprensa, Paes usou o show da cantora americana Taylor Swift para exemplificar casos em que eventos deveriam ser adiados ou cancelados devido ao forte calor. Segundo ele, as ações da prefeitura foram feitas por meio do improviso.
"Se ele [o protocolo] existisse no show da Taylor Swift, nós teríamos cancelado, como se fez no dia seguinte. Mas se fez muito mais pelo terror dos produtores, somado ao temor da prefeitura, mas sem um protocolo naquele momento. Nós, literalmente, improvisamos. Improvisamos na distribuição de água, no cancelamento do show. A partir de agora não vamos mais improvisar, se estivermos no NC4, vamos analisar a possibilidade de cancelar o evento", explicou.
Na ocasião, em novembro do ano passado, a estudante de Psicologia Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu após passar mal durante a apresentação da cantora, no Estádio Nilton Santos, na Zona Norte. Um mês depois, o Instituto Médico Legal (IML) concluiu o laudo de necrópsia da jovem e apontou que ela morreu por exaustão térmica causada pelo calor.
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